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terça-feira, 27 de dezembro de 2016


A divida e o rentismo no Brasil

Os debatedores nominam de rapinagem a legalização do pagamento da divida que impossibilita que haja investimentos no ambito social e que poderia desenvolver e reduzir a desigualdade que provoca enormes danos a sociedade como um todo!


Publicado em 23 de dez de 2016
Programa de análise da conjuntura brasileira e latino-americana, produzido pelo Instituto de Estudos Latino-Americanos, com a participação de Elaine Tavares, Nildo Ouriques, Daniel Corrêa e Maurício Mulinari. Nesta edição discutindo o Brasil, o rentismo e a dívida. 

domingo, 25 de dezembro de 2016

Natal dos covardes


https://www.facebook.com/gleisi.hoffmann/photos/a.138762686300993.1073741826.136344939876101/691231547720768/?type=3&theater

Marcelo Freixo

O que diriam os pregadores da intolerância, os obreiros do justiçamento, os apóstolos do olho por olho dente por dente sobre um homem que manifestou seu amor por um ladrão condenado e lhe prometeu o paraíso? Brandiriam o velho sermonário: bandido bom é bandido morto?
Neste sábado, quase todos os brasileiros, inclusive os cônscios moralistas da violência que amarram adolescentes em postes para linchá-los, se reunirão com suas famílias para celebrar mais uma vez o nascimento desse homem.
Sujeito, aliás, que respondeu à provocação: está com pena? Então, leva para casa! Pois, é. Jesus Cristo prometeu levar o ladrão para casa. “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso”, diz o evangelho de Lucas.
Jesus optou pelos oprimidos e renegados, pelos miseráveis, leprosos, prostitutas, bandidos. Solidarizou-se com o refugo da sociedade em que viveu, contestou a ordem que os excluiu.
O Cristo bíblico foi um dos primeiros e mais inspiradores defensores dos direitos humanos e morreu por isso. Foi perseguido, supliciado e executado pelo Império Romano para servir de exemplo.
Assim como servem de exemplo os jovens que são espancados e crucificados em postes, na ilusão de que a violência se resolve com violência. Conhecemos a mensagem cristã, mas preferimos a prática romana. Somos os algozes.
Questiono-me sobre o que teria sido dele em nossa Jerusalém de justiceiros. Não sei se sobreviveria. É perigoso defender a tolerância, o amor ao próximo e o perdão quando o ódio é tão banal. Como escreveu Guimarães Rosa: “quando vier, que venha armado”.
Não é difícil imaginar por onde ele andaria. Sem dúvida, não estaria com os fariseus que conclamam a violência e fazem negócios, inclusive políticos, em seu nome.
Caminharia pelos presídios, centros de amnésia da nossa desumanidade, onde entulhamos aqueles que descartamos e queremos esquecer, os leprosos do século 21. Impediria que homossexuais fossem apedrejados, mulheres violentadas e jovens negros linchados em praça pública. Estaria com os favelados, sertanejos, sem tetos e sem terras.
Por ironia, no próximo Natal, aqueles que defendem a redução da maioridade penal, pregam o endurecimento do sistema prisional, sonham com a pena de morte e fingem não ver os crimes praticados pelo Estado contra os pobres receberão um condenado em suas casas.
Diante da mesa farta, espero que as ideias e a história desse homem sirvam, pelo menos, como uma provocação à reflexão. Paulo Freire dizia que amar é um ato de coragem. Deixemos então o ódio para os covardes.
Feliz Natal.

sábado, 24 de dezembro de 2016

Sobre o assassinato do embaixador russo em Ankara

Sobre o assassinato do embaixador russo em Ankara. 25693.jpeg




O papel cada vez mais amplo que a Rússia vai conquistando nos assuntos internacionais é causa de grave preocupação nas erradamente chamadas "Democracias Ocidentais", as quais nada têm de democracias e não passam de bando de plutocratas sórdidos e imorais dedicados a sacrificar o próprio povo no altar do deus mercado. 
Preocupação porque, depois da desintegração da União Soviética, a Rússia havia sido dada por morta por não poucos cerebrinos analistas e 'especialistas' norte-americanos e europeus. Naufragados na ignorância autoinfligida e blindados por preconceitos sem conta, esqueceram que a Rússia sempre foi, desde o início do século 18, no reinado de Pedro O Grande e, sobretudo, no reinado de Catarina A Grande em meados do mesmo século, uma das grandes potências da Europa. A intervenção da Rússia sempre foi decisiva para reequilibrar os conflitos entre seus vizinhos ocidentais, sobretudo no Reino Unido, França e no Império Austro-Húngaro. Esquecer a história inevitavelmente termina por produzir os mais grosseiros erros de análise e exatamente o tipo de perplexidade que hoje cobre de vergonha e escândalo os 'estrategistas' ocidentais.

A Revolução Russa e o colapso dos czares levaram a um relativo apagamento do papel crucialmente importante que sempre coube aos russos nos assuntos mundiais, apagamento que muitos deram por definitivo. Mas a vitória dos Aliados na 2ª Guerra Mundial e o papel crucial que a União Soviética desempenhou naquela vitória, além da formidável recuperação econômica da Rússia no pós-guerra, permitiu que Moscou voltasse de pleno direito a ocupar seu destacado papel de vanguarda, na comunidade das nações.

Por quase meio século, a cúpula do sistema internacional carregou a marca da bipolaridade, com o ocidente e o (novamente hoje) dito "mundo livre", de um lado; e a União soviética e aliados, do outro lado.

Com a repentina implosão da União Soviética, muitos novamente puseram-se a crer que, sim, agora sim, afinal, a Rússia desapareceria para sempre. E que "um Novo Século Americano", marcado pela hegemonia não contestada dos EUA, finalmente libertos de seu tradicional adversário, e com a China ainda longe de ser o que seria poucos anos depois, seria a nova única realidade global.

A volta da história sobre seus antigos passos, repetidos, mostrou-se devastadora e demoliu esses delírios. Como escreveu Eduardo Febbro em coluna publicada domingo, em Pagina12,+

"Não há campo ou setor em que o rei Putin não tenha derrotado quem se tenha oposto a ele: esmagou a revolta na Chechênia, venceu na Síria, anexou a Crimeia sem disparar um tiro (de fato, apenas aceitou a reintegração da Crimeia à Federação Russa decidida pelos crimeanos em plebiscito), assegurou aos ucranianos separatistas na Novorrússia que não seriam obrigados a render-se à influência OTAN/europeia, restaurou a ordem na Geórgia e Ossetia e, claro, conseguiu neutralizar grande parte de gigantesca pressão que lhe fazia uma Europa vassala dos EUA. 17 anos depois de ter chegado ao topo do poder em seu país, esse tímido tenente-coronel do serviço secreto soviético, a KGB, é hoje a figura política chave do século 21."

A aliança de Rússia e China e a subsequente incorporação de Irã e Índia [a última ainda parceira muito traiçoeira nesse realinhamento de forças]; e a reaproximação mais paciente e inteligente com a Turquia são "o pior cenário possível" para a declinante hegemonia dos EUA, segundo o próprioZbigniew Brzezinski, o veterano estrategista europeu-ocidental sênior de Washington e russofóbico.

O assassinato de Andrei Karlov em Ankara tem dois objetivos transparentes. Um, impedir que a Turquia - que atualmente hospeda a impressionante base aérea dos EUA em Incirlik, com guarnição permanente de cerca de 5 mil soldados - seja arrastada para a órbita de Moscou, o que privaria a OTAN de uma base essencial para completar, desde o Mediterrâneo Ocidental o cerco da Rússia (que começa no norte, com os países bálticos).

Dois, mandar um 'recado' à Rússia, de que o ocidente não permanecerá passivo, enquanto Putin só cresce em força e prestígio, pondo fim ao caos que EUA e aliados semearam e cultivaram na Síria [e por todo o mundo], situação horrenda que os EUA não sabem, não podem ou não querem resolver.

O assassino turco também foi assassinado e não falará. Mas a Rússia sem dúvida descobrirá quem está por trás desse crime hediondo.

O assassinato de Karlov (provavelmente por agente instrumental que jamais nem soube quem assassinaria diante das televisões [NEds]) pode bem ser ato de provocação - semelhante ao assassinato do Arquiduque Francisco José da Áustria em Sarajevo, em 1914 - porque poderia gerar uma guerra, se o país agredido - a Rússia - agisse impulsivamente.

Mas se há coisa de que um personagem tão controverso como o presidente Putin já demonstrou incontáveis vezes é que não é homem que reage no impulso, sem demorada reflexão. Putin é ator político que se distingue hoje por ser racional e inteligente, homem que movimenta suas peças com calma impressionante, no tabuleiro ardente da política mundial contemporânea. O crime perpetrado em Ankara foi claramente 'mensagem' à moda da máfia, endereçada a Moscou. Por isso o jihadista que executou o crime foi "executado" imediatamente depois de transmitir todo o recado. Os serviços secretos ocidentais são especialistas em recrutar radicais suspeitos, para perpetrarem os crimes que garantem alguma sobrevida ao Império.*****

20/12/2016, Atilio Boron, The Greanville Post

http://port.pravda.ru/russa/24-12-2016/42367-assassinato_embaixador-0/




As 3 formas de gratidão - Prof. António Sampaio da Nóvoa


https://www.youtube.com/watch?v=saEanT_xc5g

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Minha cartinha aberta ao Dallagnol:

Meu caro colega Deltan Dallagnol,
"Denn nichts ist schwerer und nichts erfordert mehr Charakter, als sich in offenem Gegensatz zu seiner Zeit zu befinden und laut zu sagen: Nein."
(Porque nada é mais difícil e nada exige mais caráter que se encontrar em aberta oposição a seu tempo e dizer em alto e bom som: Não!)
Kurt Tucholsky
Acabo de ler por blogs de gente séria que você estaria a chamar atenção, no seu perfil de Facebook, de quem "veste a camisa do complexo de vira-lata", de que seria "possível um Brasil diferente" e de que a hora seria agora. Achei oportuno escrever-lhe está carta pública, para que nossa sociedade saiba que, no ministério público, há quem não bata palmas para suas exibições de falta de modéstia.
Vamos falar primeiro do complexo de vira-lata. Acredito que você e sua turma são talvez os que têm menos autoridade para falar disso, pois seus pronunciamentos têm sido a prova mais cabal de SEU complexo de vira-lata. Ainda me lembro daquela pitoresca comparação entre a colonização americana e a lusitana em nossas terras, atribuindo à última todos os males da baixa cultura de governação brasileira, enquanto o puritanismo lá no norte seria a razão de seu progresso. Talvez você devesse estudar um pouco mais de história, para depreciar menos este País. E olha que quem cresceu nas "Oropas" e lá foi educado desde menino fui eu, hein... talvez por isso não falo essa barbaridade, porque tenho consciência de que aquele pedaço de terra, assim como a de seu querido irmão do norte, foram os mais banhados por sangue humano ao longo da passagem de nossa espécie por este planeta. Não somos, os brasileiros, tão maus assim, na pior das hipóteses somos iguais, alguns somos descendentes dos algozes e a maioria somos descendentes das vítimas.
Mas essa sua teorização de baixo calão não diz tudo sobre SEU complexo. Você à frente de sua turma vão entrar na história como quem contribuiu decisivamente para o atraso econômico e político que fatalmente se abaterão sobre nós. E sabem por que? Porque são ignorantes e não conseguem enxergar que o princípio fiat iustitia et pereat mundus nunca foi aceita por sociedade sadia qualquer neste mundão de Deus. Summum jus, summa iniuria, já diziam os romanos: querer impor sua concepção pessoal de justiça a ferro e fogo leva fatalmente à destruição, à comoção e à própria injustiça.
E o que vocês conseguiram de útil neste País para acharem que podem inaugurar um "outro Brasil", que seja, quiçá, melhor do que o vivíamos? Vocês conseguiram agradar ao irmão do norte que faturará bilhões de nossa combalida economia e conseguiram tirar do mercado global altamente competitivo da construção civil de grandes obras de infraestrutura as empresas nacionais. Tio Sam agradece. E vocês, Narcisos, se acham lindinhos por causa disso, né? Vangloriam-se de terem trazido de volta míseros dois bilhões em recursos supostamente desviados por práticas empresariais e políticas corruptas. E qual o estrago que provocaram para lograr essa casquinha? Por baixo, um prejuízo de 100 bilhões e mais de um milhão de empregos riscados do mapa. Afundaram nosso esforço de propiciar conteúdo tecnológico nacional na extração petrolífera, derreteram a recém reconstruída indústria naval brasileira. Claro, não são seus empregos que correm riscos. Nós ganhamos muito bem no ministério público, temos auxílio-alimentação de quase mil reais, auxilio-creche com valor perto disso, um ilegal auxílio-moradia tolerado pela morosidade do judiciário que vocês tanto criticam. Temos um fantástico plano de saúde e nossos filhos podem frequentar a liga das melhores escolas do País. Não precisamos de SUS, não precisamos de Pronatec, não precisamos de cota nas universidades, não precisamos de bolsa-família e não precisamos de Minha Casa Minha Vida. Vivemos numa redoma de bem estar. Por isso, talvez, à falta de consciência histórica, a ideologia de classe devora sua autocrítica. E você e sua turma não acham nada de mais milhões de famílias não conseguirem mais pagar suas contas no fim do mês, porque suas mães e seus pais ficaram desempregados e perderam a perspectiva de se reinserirem no mercado num futuro próximo. Mas você achou fantástico o acordo com os governos dos EEUU e da Suíça, que permitiu-lhes, na contramão da prática diplomática brasileira, se beneficiarem indiretamente com um asset sharing sobre produto de corrupção de funcionários brasileiros e estrangeiros. Fecharam esse acordo sem qualquer participação da União, que é quem, em última análise, paga a conta de seu pretenso heroísmo global e repassaram recursos nacionais sem autorização do Senado. Bonito, hein? Mas, claro, na visão umbilical corporativista de vocês, o ministério público pode tudo e não precisa se preocupar com esses detalhes burocráticos que só atrasam nosso salamaleque para o irmão do norte! E depois fala de complexo de vira-lata dos outros!
O problema da soberba, colega, é que ela cega e torna o soberbo incapaz de empatia, mas, como neste mundo vale a lei do retorno, o soberbo também não recebe empatia, pois seu semblante fica opaco, incapaz de se conectar com o outro.
A operação de entrega de ativos nacionais ao estrangeiro, além de beirar alta traição, esculhambou o Brasil como nação de respeito entre seus pares. Ficamos a anos-luz de distância da admiração que tínhamos mundo afora. E vocês o fizeram atropelando a constituição, que prevê que compete à Presidenta da República manter relações com estados estrangeiros e não ao musculoso ministério público. Daqui a pouco vocês vão querer até ter representação diplomática nas capitais do circuito Elizabeth Arden, não é?
Ainda quanto a um Brasil diferente, devo-lhes lembrar que "diferente" nem sempre é melhor e que esse servicinho de vocês foi responsável por derrubar uma Presidenta constitucional honesta e colocar em seu lugar uma turba envolvida nas negociatas que vocês apregoam mídia afora. Esse é o Brasil diferente? De fato é: um Brasil que passou a desrespeitar as escolhas políticas de seus vizinhos e a cultivar uma diplomacia da nulidade, pois não goza de qualquer respeito no mundo. Vocês ajudaram a sujar o nome do País. Vocês ajudaram a deteriorar a qualidade da governação, a destruição das políticas inclusivas e o desenvolvimento sustentável pela expansão de nossa infraestrutura com tecnologia própria.
E isso tudo em nome de um "combate" obsessivo à corrupção. Assunto do qual vocês parecem não entender bulhufas! Criaram, isto sim, uma cortina de fumaça sobre o verdadeiro problema deste Pais, que é a profunda desigualdade social e econômica. Não é a corrupção. Esta é mero corolário da desigualdade, que produz gente que nem vocês, cheios de "selfrightousness", de pretensão de serem justos e infalíveis, donos da verdade e do bem estar. Gente que pode se dar ao luxo de atropelar as leis sem consequência nenhuma. Pelo contrário, ainda são aplaudidos como justiceiros.
Com essa agenda menor da corrupção vocês ajudaram a dividir o País, entre os homens de bem e os safados, porque vocês não se limitam a julgar condutas como lhes compete, mas a julgar pessoas, quando estão longe de serem melhores do que elas. Vocês não têm capacidade de ver o quanto seu corporativismo é parte dessa corrupção, porque funciona sob a mesma gramática do patrimonialismo: vocês querem um naco do estado só para chamar de seu. Ninguém os controla de verdade e vocês acham que não devem satisfação a ninguém. E tudo isso lhes propicia um ganho material incrível, a capacidade de estarem no topo da cadeia alimentar do serviço público. Vamos falar de nós, os procuradores da república, antes de querer olhar para a cauda alheia.
Por fim, só quero pontuar que a corrupção não se elimina. Ela é da natureza perversa de uma sociedade em que a competição se faz pelo fator custo-benefício, no sentindo mais xucro. A corrupção se controla. Controla-se para não tornar o estado e a economia disfuncionais. Mas esse controle não se faz com expiação de pecados. Não se faz com discursinho falso-moralista. Não se faz com o homilias em igrejas. Se faz com reforma administrativa e reforma política, para atacar a causa do fenômeno é não sua periferia aparente. Vocês estão fazendo populismo, ao disseminarem a ideia de que há o "nós o povo" de honestos brasileiros, dispostos a enfrentar o monstro da corrupção feito São Jorge que enfrentou o dragão. Você e eu sabemos que não existe isso e que não existe com sua artificial iniciativa popular das "10 medidas" solução viável para o problema. Esta passa pela revisão dos processos decisórios e de controle na cadeia de comando administrativa e pela reestruturação de nosso sistema político calcado em partidos que não merecem esse nome. Mas isso tudo talvez seja muito complicado para você e sua turma compreenderem.
Só um conselho, colega: baixe a bola. Pare de perseguir o Lula e fazer teatro com PowerPoint. Faça seu trabalho em silêncio, investigue quem tiver que investigar sem alarde, respeite a presunção de inocência, cumpra seu papel de fiscal da lei e não mexa nesse vespeiro da demagogia, pois você vai acabar ferroado. Aos poucos, como sempre, as máscaras caem e, ao final, se saberá que são os que gostam do Brasil e os que apenas dele se servem para ficarem bonitos na fita! Esses, sim, costumam padecer do complexo de vira-lata!
Um forte abraço de seu colega mais velho e com cabeça dura, que não se deixa levar por essa onda de "combate" à corrupção sem regras de engajamento e sem respeito aos costumes da guerra.
http://www.brasil247.com/pt/247/parana247/271755/Em-carta-aberta-a-Dallagnol-Arag%C3%A3o-diz-que-o-vira-lata-%C3%A9-ele.htm

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

O assassinato do embaixador da Rússia aumenta a tensão do conflito na Síria

Novas imagens foram divulgadas na web e mostra toda ação do atirador, de 22 anos, na abertura de uma exibição de fotos em uma galeria de arte de Ancara. No vídeo, Altintas, que era do departamento especial da polícia de Ancara e teve permissão para entrar na exposição usando a identidade policial, aparece como um segurança atrás da vítima momentos antes do atentado.
 
Já no fim do vídeo, Altintas tira a arma e atira contra o embaixador pelas costas. Ele grita: "não esqueçam de Aleppo, não esqueçam da Síria". Testemunhas relataram ainda que ele gritou "Allahu Akbar" (Alá é Grande). Depois da cena, Altintas foi morto por policiais. 

http://www.bocaonews.com.br/noticias/principal/mundo/162669,video-mostra-toda-acao-do-atirador-que-matou-embaixador-da-russia-assista.html



sexta-feira, 16 de dezembro de 2016


A farsa do combate a corrupção pela operação Lava-Jato!


A Filósofa e Professora MARILENA DE SOUZA CHAUÍ explica que a Operação Lava Jato não tem objetivo de moralizar a PETROBRÁS (Petróleo Brasileiro S/A), mas sim tem por objetivo pressionar o Estado Brasileiro a se ver obrigado a passar a Reserva Petrolífera do Pré-Sal para o controle da denominada "6 Irmãs" e também denunciou que o Juiz Federal SÉRGIO FERNANDO MORO foi treinado nos ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA (EUA) para conduzir operações investigativas de intimidação e com delação.


Publicado em 6 de jul de 2016
https://www.youtube.com/watch?v=cRLAjmnUPKU


Veja o depoimento de testemunhas de acusação, dizendo que Lula não é dono do Tripléx








See more:
http://falandoverdades.com.br/2016/12/15/veja-o-depoimento-de-todas-20-testemunhas-de-acusacao-dizendo-que-lula-nao-e-dono-do-triplex/



Moscou entra na decisiva batalha por Alepo
O envolvimento militar direto na Síria permitiu a Putin alcançar um sucesso inesperado. Mais capaz que os Estados Unidos de fazer os jihadistas recuarem, a Rússia se impôs no Oriente Médio como um ator determinante, ditando a ordem do dia. Por outro lado, a iniciativa de intervir na Batalha de Alepo
por Jacques Lévesque


O principal objetivo da intervenção russa em setembro de 2015 foi rapidamente atingido: impedir uma derrota militar do regime sírio, que vinha perdendo terreno havia meses.1 A implicação de forças aéreas russas também tornou impossível a interdição de sobrevoo no território sírio. Em 2013, a diplomacia russa já havia evitado qualquer pretexto para uma intervenção ocidental ao conseguir que o presidente Bashar al-Assad renunciasse ao uso de armas químicas.2
Os outros objetivos revelados por Putin em seu discurso nas Nações Unidas, em 28 de setembro de 2015, eram muito maiores e mais ambiciosos. Foram formulados como um desafio aos Estados e seus aliados ocidentais, e visavam a colocá-los na defensiva. Mas o momento escolhido foi oportuno: era o ápice do fluxo de refugiados sírios para a Europa e dos atentados organizados desde a Síria pela Organização do Estado Islâmico (OEI).
Putin sustentava que apenas as forças do regime de Al-Assad e os curdos “enfrentavam corajosamente o terrorismo” e que, como estavam alinhadas às demandas do governo sírio, suas ações estavam no escopo do direito internacional, diferentemente dos bombardeios ocidentais. Além disso, Putin defendia que a zona de exclusão aérea posta em prática na Líbia e o apoio aos rebeldes tinham conduzido não apenas à eliminação do regime de Muamar Kadafi, mas também à destruição de todo o aparelho estatal, criando um terreno favorável à implantação da OEI. Em sua argumentação, dada a importância estratégica da Síria, os efeitos seriam os mesmos com a eventual derrota do regime no poder. Putin também evocava a grande coalizão que havia reunido a URSS, os Estados Unidos e o Reino Unido a partir de junho de 1941 para fazer frente à ameaça hitleriana. Advogava a favor de uma aliança similar para combater o perigo da OEI, que buscava “dominar o mundo islâmico”, sublinhando: “Os integrantes da chamada ‘oposição síria moderada’, apoiada pelo Ocidente, acabam de engrossar a ala dos radicais”. Em resumo, a mensagem que passava aos seus interlocutores ocidentais era a seguinte: entre dois males, é preciso saber escolher o menor. Propôs promoverem juntos a ideia de um cessar-fogo entre todas as forças combatentes na Síria, à exceção da OEI, e, em paralelo, buscarem coletivamente uma solução política. Os dirigentes ocidentais tinham pactuado havia tempos que a saída de Al-Assad do poder era uma premissa indispensável para qualquer resolução do conflito. É de espantar? A primeira dirigente europeia a romper essa premissa foi Angela Merkel. Em 23 de setembro de 2015, a chanceler alemã afirmou: “É preciso falar de diversos atores, e isso implica Al-Assad”.3 Rapidamente foi seguida pelo britânico David Cameron e, enfim, por Barack Obama. Mas foi preciso esperar até 13 de novembro de 2015, em Paris, para que o ministro francês das Relações Exteriores abandonasse essa condição: “Uma Síria unida implica uma transição política. Isso não quer dizer que Bashar al-Assad deva sair antes dessa transição, mas são necessárias algumas seguranças para o futuro”.4
Desde o início, contudo, Washington e outros defendiam que as forças aéreas russas não atingiam muito as bases da OEI, e sim as das outras formações rebeldes. O primeiro objetivo de Moscou era fortalecer as posições do regime, ameaçadas por outros além da OEI. Podia-se pensar, entretanto, que se tratava de colocá-lo em melhor posição política com vistas a negociações futuras. Para dar garantias aos parceiros ocidentais e seus aliados, a Rússia aderiu, no dia 18 de dezembro de 2015, à resolução do Conselho de Segurança da ONU, proposta pelos Estados Unidos, que exigia uma solução política e a “formação de um governo de transição dotado de plenos poderes”. Sobre essas bases foi estabelecida a difícil, se não impossível, cooperação internacional, e essa resolução foi evidentemente mal recebida pelo governo Al-Assad. Ao insistir na necessidade de uma conciliação internacional, a Rússia reconhecia que o apoio militar que havia disposto para a empreitada não era suficiente para retomar o controle de toda a Síria, nem mesmo das zonas nas mãos dos rebeldes apoiados pelos ocidentais.
A grande coalizão preconizada por Moscou ficou apenas no discurso. É preciso falar antes de outras duas, que se encontraram no âmbito das “Negociações de Viena”, copresididas pelo ministro de Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, e pelo secretário de Estado norte-americano, John Kerry, em meados de novembro de 2015. A coalizão liderada pela Rússia conta com o Irã (com o apoio, no território, das tropas do Hezbollah libanês) e o Iraque, que também pertence à segunda. A dos Estados Unidos, mais ampla, reagrupa cerca de cinquenta Estados. Mas é muito mais heteróclita e envolve Estados muito resistentes em relação ao processo, notadamente a Turquia e a Arábia Saudita. Para esta última, na Síria, assim como em outros lugares, o principal perigo continua sendo o Irã, cuja brigada Quds combate ao lado dos soldados sírios. A Turquia se inquieta com a emergência de um Curdistão sírio independente de fato – daí sua intervenção no fim de agosto último para impedir a união de territórios curdos ao sul de sua fronteira. Foi somente pela pressão de Washington que, em Viena, a Arábia Saudita aceitou se sentar à mesma mesa que o Irã.
A busca por uma solução política, contudo, seguiu em nível não somente internacional, mas também regional. Sob pressões conjuntas de Moscou e Washington, um “fórum” das partes combatentes em território (à exceção da OEI e da Frente al-Nusra, componente da Al-Qaeda) foi aberto em Genebra por um representante especial do Conselho de Segurança da ONU. Ele encontrou as partes separadamente em diversas ocasiões para discutir não somente um cessar-fogo, mas também as condições para solucionar o conflito por etapas. Sem sucesso, é preciso dizer.
A cooperação entre Washington e Moscou resistiu à destruição de um avião russo pelas forças turcas, em 13 de novembro de 2015, assim como à tentativa – infrutífera – do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, de recorrer à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Em 14 de março de 2016, para surpresa geral, Putin anunciou uma retirada gradual das forças de intervenção russas, que foi iniciada rapidamente e de forma notável. A mensagem se dirigia em especial a Al-Assad. O apoio militar russo havia permitido ao presidente sírio reconquistar um pouco do território perdido, e ele pretendia aproveitar ao máximo a vantagem conquistada com a tentativa de retomada completa de Alepo, a segunda maior cidade do país, a favor da violação de um cessar-fogo duramente concluído
entre os representantes da Rússia e dos Estados Unidos no dia 27 de fevereiro.
Visivelmente, Moscou controlava pouco seu aliado sírio. Al-Assad tem plena consciência de que a Síria é o único ponto de ligação entre a Rússia e o Oriente Médio, onde ela busca restabelecer uma influência significativa. Sem retirar abertamente a solidariedade em relação ao seu aliado, Putin buscou mostrar que cabe a ele fixar as condições do envolvimento da Rússia. A tomada de Alepo teria dado ao regime sírio o controle de um território onde residiam 70% da população do país e também permitido que se plantassem indefinidamente em suas posições para invalidar as negociações com a oposição. Mas ela não aconteceu, e mais um cessar-fogo precário terminou. Ao escolher tomar certa distância, Putin buscava não comprometer seu objetivo máximo na Síria: demonstrar que a Rússia era uma potência parceira dos Estados Unidos e da Europa, incontornável apesar de inferior, e que grandes problemas internacionais não poderiam ser solucionados sem compromissos por meio dos quais os interesses russos fossem levados em conta.
A cooperação entre Rússia e Estados Unidos seguiu ainda por alguns meses, por meio da busca de um cessar-fogo constantemente quebrado pelos aliados de um ou de outro. No fim de junho de 2016, revelou-se que Obama havia autorizado uma proposta feita à Rússia: operações militares conjuntas não somente contra a OEI, mas também contra a Frente al-Nusra, com a condição de que Moscou conseguisse manter as forças aéreas em solo e um cessar-fogo com as outras formações de resistência armada apoiadas pela Arábia Saudita, emirados do Golfo e Turquia.5
Essa proposta, revelada por Kerry, suscitou forte oposição no âmbito da administração norte-americana, em particular junto a Ash Carter. O secretário de Defesa considerou-a demasiado vantajosa à Síria e à Rússia, na medida em que a Frente al-Nusra é de longe a força de oposição armada mais importante, enquanto cerca de trinta outros grupos, considerados moderados, representariam no máximo 15% do conjunto das forças combatentes. Além disso, opunha-se ao compartilhamento de informações militares com a Rússia – entendida por ele como o principal adversário dos Estados Unidos, coisa que Obama e Kerry se resguardam de explicitar. Segundo fontes do Washington Post,6 ele afirmava, não sem razão, que Putin procurava na Síria sobretudo “romper o isolamento russo que se seguiu à intervenção militar de Moscou na Ucrânia”. Em resposta, o Pentágono conduziu um reforço da Otan sem precedentes desde a Guerra Fria, com introdução de uma nova força militar de 4 mil homens na Polônia e nas repúblicas bálticas.7 Essas divisões e ambiguidades que surgiram não têm facilitado a missão de Washington.
Enquanto as forças governamentais sitiavam duramente o leste de Alepo em 4 de setembro último, a Rússia também impunha suas condições para aceitar a proposição de Obama. Ela exigia que as forças de combate protegidas por Washington e que colaboravam com a Frente al-Nusra se retirassem de forma efetiva, para escaparem aos ataques russos. Com isso, evidenciava-se que tanto os russos quanto os norte-americanos se impunham condições que nenhuma das duas partes poderia garantir. E também a fragilidade dos acordos e parcerias sobre os quais se fundou o cessar-fogo de setembro de 2016, cuja ruptura conduziu à trágica situação atual.
Muitas, se não a maioria, das forças rebeldes não querem ou não podem se descolar da Al-Nusra, onipresente nas zonas rebeldes. A prioridade delas é a derrota do regime de Al-Assad. Além disso, a Frente poderia imediatamente se virar contra elas. Ainda assim, os Estados Unidos tentaram fazer com que se distanciasse. Em agosto de 2016, de acordo com correspondentes do New York Times,8 representantes dessas forças reclamavam que o grande fluxo de armamentos fornecidos pelos Estados Unidos via Arábia Saudita (do qual uma parte era revendido ou passado à Al-Nusra) havia diminuído consideravelmente. Kerry foi acusado de deixar escapar em uma conversa que duas dessas organizações eram “subgrupos” da Al-Nusra.9
Os termos e as condições do cessar-fogo que entrou em vigor no dia 13 de setembro, negociados entre Lavrov e Kerry, eram tão precários e ambíguos que precisavam ser revistos a cada 48 horas e nem sequer haviam sido tornados públicos. Nessas circunstâncias, é surpreendente que tenha chegado a durar alguns dias. Mais surpreendente ainda – e trágico: foi quebrado por um ataque norte-americano contra as forças sírias que causou mais de sessenta mortes. Al-Assad evidentemente se recusou a acreditar que se tratava de um erro, como afirmou Washington, e então aproveitou para lançar uma ofensiva deliberada para tentar a tomada completa de Alepo. Algumas horas após o fim da trégua, um comboio humanitário da ONU foi bombardeado no oeste da cidade. Washington acusou Moscou e seu aliado sírio de “diretamente responsáveis” pelo ataque, que causou cerca de vinte mortes.
Ao apoiar aparentemente sem ressalvas o regime de Al-Assad enquanto a intensificação dos bombardeios agrava o desastre humanitário, a Rússia assume um risco considerável. Moscou precisou usar seu direito de veto no Conselho de Segurança da ONU, em 8 de outubro, para bloquear a reivindicação francesa de cessar os combates. Apenas a Venezuela votou com a Rússia, enquanto a China se absteve. Putin pretende aproveitar o declínio relativo da potência norte-americana e o fim do mandato de Obama para colocar seus aliados em uma posição de força na busca por uma solução política. Mas, se não encontrar meios de relançar as negociações, a credibilidade da Rússia e o futuro de suas relações com os Estados Unidos e a Europa serão fortemente incertos.

A partir do início da intervenção aérea da coalizão árabe-ocidental, em agosto de 2014, a Organização do Estado Islâmico (OEI) perdeu terreno, especialmente em relação aos curdos na Síria e às forças governamentais no Iraque. Após a intervenção russa, em setembro de 2015, as tropas do presidente sírio, Bashar al-Assad, pararam de recuar e em seguida retomaram a ofensiva contra a oposição armada, sobretudo em Alepo. Na Síria, a busca por uma solução política tropeça na desintegração de tropas muitas vezes bastante heterogêneas: exército legalista, curdos e aliados árabes, grupos rebeldes do Exército Livre da Síria frequentemente imbricados com jihadistas mais ou menos próximos da Al-Qaeda, Estado Islâmico. Este acolhe no Iraque e na Síria combatentes vindos de todos os continentes, enquanto a implicação das potências estrangeiras se torna cada vez mais forte. O infográfico revela a diversidade dos apoios internacionais, e não as oposições (a da Turquia contra os curdos na Síria, por exemplo). Ele demonstra a escalada militar, o paradoxo de certos apoios comuns (Irã e Estados Unidos no Iraque) e a ambiguidade de algumas posições, como a dos países do Golfo. Por trás do apoio destes à oposição síria, pairam suspeitas de ajudas indiretas, às vezes diretas, aos jihadistas mais radicais e mesmo à OEI, como indica e-mail de Hillary Clinton de agosto de 2014.

Jacques Lévesque é professor da faculdade de Ciências Políticas e Direito da Universidade de Québec, em Montreal, e autor, entre outros livros, de 1989, la fin d'un empire: l'URSS e la libération de l'Europe de l'Est. [1989, o fim de um império: a URSS e a libertação do Leste Europeu], Paris, Presses de Sciences Po, 1995.


1    Ler Alexey Malachenko, “Le pari syrien de Moscou” [A aposta síria de Moscou], Le Monde Diplomatique, nov. 2015.
2    Ler Jacques Lévesque, “La Russie est de retour sur la scène internationale”[A Rússia retorna ao cenário internacional], Le Monde Diplomatique, nov. 2013.
3    Agência France-Presse, 24 set. 2015.
4    Entrevista em Le Progrès, Lyon, 5 dez. 2015.
5    Josh Rogin, “Barack Obama plans new military alliance with Russia in Syria” [Obama planeja nova aliança militar com a Rússia na Síria], The Independent, Londres, 30 jun. 2016.
6    Gareth Porter, “A new fight over Syria war strategy” [Nova briga pela estratégia militar na Síria], Consortiumnews.com, 8 jul. 2016.
7    Ler Michael Klare, “À Washington, scénarios pour un conflit majeur” [Em Washington, cenários para um conflito maior], Le Monde Diplomatique, set. 2016.
8    Mark Mazzetti, Anne Barnard e Eric Schmitt, “Military success in Syria gives Putin upper hand in U.S. proxy war” [Sucesso militar na Síria permite que Putin fortaleça a “guerra por procuração” contra os Estados Unidos], The New York Times, 6 ago. 2016.
9    Josh Rogin, “Kerry touts the Russian line on Syrian rebel groups” [Kerry promove a atuação da Rússia junto a grupos sírios], The Washington Post, 12 jul. 2016.

03 de Novembro de 2016


http://diplomatique.org.br/artigo.php?id=2210

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Xadrez das 10 Questões para entender o Supremo

Como um cidadão normal, razoavelmente informado, analisaria nossa Suprema Corte.

Questão 1 – como o Supremo conseguiu esquecer que uma ordem sua foi desrespeitada e manteve Renan Calheiros no cargo de presidente do Senado?
Resposta - Através de uma gambiarra do inflexível Celso de Mello, o decano que se tornou o mais inflexível dos Ministros do Supremo mas que, também, não é de ferro. Seu argumento jabuticaba foi que Renan permaneceria no cargo, mas não poderia se habilitar à sucessão presidencial.
Em palavras mais vulgares, “com camisinha, pode”.

Questão 2 – por que o Supremo avalizou o golpe contra uma presidente eleita e refugou ante o presidente do Senado?
Resposta – Porque o presidente do Senado tinha nas mãos a definição da urgência da Lei do Abuso de Autoridades e dos salários acima do teto. E Dilma tinha nas mãos o Ministro José Eduardo Cardozo. Pela mesma razão que um transeunte bate o pé ante um poodle, mas não ante um pitbull. E também porque não queriam atrapalhar a tramitação da PEC 55 e da reforma da Previdência.
Uma terceira hipótese, mais banal, é que amarelaram ao se defrontar com o poder de fato.

Questão 3 -  como o Ministro Luís Roberto Barroso compatibilizou seu apoio à PEC 55 – que a Globo apoia e cuja tramitação poderia sofrer solução de continuidade com o afastamento de Renan – com a condenação do gesto de Renan – que a Globo também condena?
Resposta - Simples. Fora da sessão, deu uma declaração bombástica à imprensa contra Renan. Na sessão, absteve-se de votar, alegando suspeição (o advogado da Rede em tempos longínquos trabalhou no seu escritório). Ficou com a Globo na condenação retórica à Renan e na abstenção, para não haver risco de quórum a favor da liminar.

Questão 4 – como o Supremo, que analisava o decoro de Renan, não recebendo um oficial de Justiça, trata do decoro de Gilmar Mendes atacando violentamente um colega?
Resposta – Hipotecando solidariedade retórica ao colega e não avançando em nenhuma providência legal contra o agressor, dessas bem óbvias, como denunciar Gilmar por quebra de decoro, ou por suspeição, ao avançar opinião em processos que caberia a ele julgar.

Questão 5 – como o Supremo conseguirá compatibilizar sua preocupação em acatar a voz das ruas, com sua retórica de não se deixar influenciar pela voz das ruas e, ao mesmo tempo, atender aos reclamos das ruas?
Resposta – Com um discurso vazio da presidente Carmen Lúcia, do qual a mídia extrairá uma frase de efeito, dando destaque em manchete e, ao mesmo tempo, evitando dar o discurso na íntegra para não estragar a construção da imagem da grande tribuna. Infelizmente, Carmen Lúcia não recorreu nenhuma vez à falácia da falsa dicotomia: ou Justiça ou guerra; ou guerra ou paz. E outras frases de grande repercussão, como o crime não vencerá a Justiça, onde um juiz for destratado, eu também sou; Independência ou Morte – perdão, o brado não é dela.

Questão 6 – como os doutos Ministros diferenciaram o caso Eduardo Cunha do caso Renan Calheiros, o primeiro perdendo o cargo e o mandato e o segundo sendo mantido?
Resposta – a desculpa foi que Eduardo Cunha estava criando dificuldades para as investigações e Renan – que se recusou a receber o oficial de Justiça com a intimação – não.

Questão 7 – o que o Procurador Geral da República Rodrigo Janot quis dizer com a reiteração da frase de que “pau que dá em Chico dá também em Francisco”?
Resposta – Que “pau que dá em Lula dá também em Luiz Ignácio”. Porque Chico e Francisco se referem à mesma pessoa, do mesmo modo que Lula e Luiz Ignácio, entenderam? Ficaria fora de lógica dizer que “pau que dá em Lula dá também em Aécio”, ou Serra, ou Alckmin, porque são pessoas distintas. Não entenderam? Não faz mal: o que importa é bola na rede.

Questão 8 – o que os doutos Ministros teriam a dizer das demonstrações públicas e explícitas de intimidade entre o juiz Sérgio Moro e possíveis réus da Lava Jato, como Aécio Neves?
Resposta – eles são jovens e têm direito de se confraternizar.

Questão 9 – porque até hoje o Supremo não analisou o mérito do impeachment, respondendo à ação proposta (tardiamente, como é de seu hábito) pelo ex-Advogado Geral da União José Eduardo Cardoso?
Resposta – Porque consideraram não haver o periculum in  mora, ou seja, perigo em demorar a tomar uma decisão. Revogação da Constituição de 1988, mudança do modelo institucional, guerra entre poderes, crise econômica, avanço do estado de exceção, PM soltando bombas, invadindo igrejas, são fatos do cotidiano.  Afinal, como diz o ilustre iluminista Luís Roberto Barroso, o novo normal é o estado de exceção.

Questão 10 – porque esse Xadrez faz blague e não  leva o Supremo a sério?
Resposta – Eles que começaram.

http://jornalggn.com.br/noticia/xadrez-das-10-questoes-para-entender-o-supremo

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Como o sistema financeiro captura a Humanidade através da dívida


06.12.2016 | Fonte de informações: 

Pravda.ru


 
Como o sistema financeiro captura a Humanidade através da dívida. 25585.jpeg

A dívida, ao tornar-se perpétua constitui uma renda que alimenta o parasitismo capitalista. Quer seja aquela que subscrevemos, quer seja aquela que a classe política nos endossa com o rótulo de dívida pública, por encomenda do sistema financeiro.


Sumário
1 - Da moeda até à dívida e o papel do Estado
2 - Como se constrói a dívida e a sua mansa aceitação
3 - O capitalismo existe, convém não esquecer
4 - O papel dos Estados na engorda do sistema financeiro


1 - Da moeda até à dívida e o papel do Estado

Houve uma longa época em que as dívidas faziam parte das naturais trocas entre gente que procurava satisfazer as suas necessidades, numa base de interações entre membros de uma mesma comunidade e em que a usura não fazia parte das mentalidades. As dívidas faziam parte dos desequilíbrios naturais dentro das comunidades e não como elementos de diferenciação e autónomos, de domínio de credores sobre devedores; créditos como ativos e débitos, como passivos.
O surgimento do dinheiro, materializado em sal ou conchas, focou-se depois nos metais preciosos - ouro, sobretudo - que, dada a sua inalterabilidade, correspondia à procura de bens estáveis e aceites, de fácil transporte para troca com outros bens. A própria materialidade do dinheiro impedia a sua movimentação num comércio mais alargado e a segurança dos seus detentores face a roubos; era vulgar os reis nas suas deslocações guerreiras transportarem arcas com o tesouro real e, em caso de dificuldades financeiras procederem à desvalorização da moeda substituindo parte do ouro por prata ou cobre. 
Na China, antes do século X e, no século XIII, na Itália, onde a densidade das relações comerciais longínquas era grande, generalizou-se a utilização de documentos que certificavam o depósito num banco de certa quantidade de ouro e que garantia o levantamento noutro banco por parte do portador, sendo portanto títulos transmissíveis. Passado o período de abundância de ouro, trazido do golfo da Guiné pelos portugueses e saqueado pelos espanhóis no México e com o enorme desenvolvimento do comércio longínquo inerente à expansão colonial europeia, chegou-se à conclusão que não haveria ouro armazenado nos bancos que correspondesse ao valor das mercadorias transacionadas o que fragilizava a confiança nos bancos por parte dos depositantes.
Os Estados, no século XIX, para dotar os sistemas monetários da confiança generalizada por parte das populações e dos negócios, impuseram o monopólio da emissão de moeda-papel - as notas que se usam hoje - em bancos emissores, sem contudo poderem assegurar a convertibilidade dessas notas em ouro. Isto é, ao emitirem notas sem contrapartida outra que não a confiança por parte da população, os bancos emissores e os Estados assumiam potencialmente uma dívida que jamais poderiam pagar; e para que ninguém pudesse colocar em causa a confiança no banco emissor/Estado, exigindo a conversão de notas em ouro, os Estados vieram a decretar a inconvertibilidade dessas notas em ouro, a assunção de devedores sem capacidade de pagar as suas dívidas, seja em ouro, seja no que fosse.
A Inglaterra cancelou a convertibilidade da libra em ouro em 1931 pois o ouro estava em emigração acelerada para os EUA, onde em 1934, todos os bancos foram obrigados a depositar o seu ouro no Tesouro em troca de certificados. Em 1944, em Bretton Woods, todas as moedas se referenciaram ao dólar, a única convertível em ouro, ao preço de $ 35/onça (31,104 grs) referência que foi alterada por Nixon em 1968 para $42,22/onça, como resposta aos deficits externos corrosivos dos EUA, à guerra do Vietnam e à compra francesa de ouro contra a entrega de dólares. Finalmente, em 1971, foi cancelada a convertibilidade do dólar em ouro, ficando todas as moedas mundiais sem qualquer referência real que não a confiança das populações na aceitação generalizada de notas como instrumentos de transação, poupança e especulação. Até mesmo a ficção de uma relação entre o ouro e o dólar acabou por desaparecer em 1976, deixando à Reserva Federal a total liberdade de imprimir notas de banco, sem qualquer valor que não a aceitação generalizada do seu poder aquisitivo. Isto quer dizer que um banco central ao emitir moeda, emite um título de dívida que cede ao sistema bancário, para colocação na sociedade, no âmbito deste mecanismo;
a)      o banco central cria um valor a partir do nada, tendo em conta que se for excessivo no contexto da moeda em circulação, esse valor conduz a inflação e que se for insuficiente promoverá subida das taxas de juro, dificultando negócios. Há que ter em conta o valor da riqueza em circulação, a conjuntura e o ritmo das transações numa sociedade;
b)     o banco central cede esse valor a um banco comum que entrega um documento de assunção de dívida, perante o banco central, cedente;
c)      o banco comercial vai ceder o valor equivalente a vários clientes no âmbito do que se chama multiplicador do crédito, como adiante se explicará.
Gera-se assim uma cascata de créditos e de dívidas, sem qualquer ancoragem em poupança e totalmente dependente da confiança existente nessa emissão monetária originária. Nessa cascata têm um papel essencial os destinatários finais, particulares e empresas, que transformam os seus débitos em bens e que de facto, alicerçam toda a cadeia; na base, está portanto o trabalho, como único e real criador de valor. 
É esse mecanismo artificial e artificioso que está presente no quantitative easing utilizado por Draghi no BCE; uma emissão monetária que irá triplicar o balanço do banco central da Zona Euro, de um (em 2014) para três biliões de euros em 2016, com a particularidade de que os bancos comerciais para deterem meios financeiros para os seus negócios entregam, frequentemente como garantia, títulos de dívida pública, financiando assim indiretamente, os estados emissores daqueles títulos, mormente os da periferia sul da UE. 
Esta política do BCE corresponde a uma bomba de relógio. Primeiro porque não está a gerar uma inflação desvalorizadora de dívidas, mormente públicas; depois porque a emissão monetária agrava as dívidas públicas, já por natureza, financeiramente impagáveis e insustentáveis do ponto de vista social, em países como Grécia ou Portugal; e, finalmente, porque essa massa monetária vai inchando a bolha especulativa dos chamados mercados financeiros, com rebentamento inevitável faltando saber apenas o momento.
Passemos ao sumário relato de uma curiosidade portuguesa no século XIX.

Em 27/11/1880 a revista inglesa The Economist referia a instabilidade dos mercados: "Os mercados monetários da Europa estão a ficar cansados, e não sem razão, da constante solicitação por Portugal de novos empréstimos" e cinco anos depois, apontava: "No próprio interesse de Portugal era preferível que as suas facilidades de endividamento fossem, agora, restringidas". A Comissão Europeia e o Eurogrupo são os membros mais recentes da mesma linhagem financeira.
Em 1890 sucedeu a falência do Baring Brothers (118 anos depois aconteceu o mesmo em outro negócio de família, o dos manos Lehman), o principal parceiro do governo português na City e que para fazer face à situação transferiu £ 1 milhão em ouro do Banco de Portugal para Londres, reduzindo substancialmente as reservas portuguesas. A crise financeira subsequente junta-se ao Ultimato inglês ambos a demonstrar o que tem valido a soberania portuguesa, cantada por nacionalistas e patriotas; a revolta republicana de 31 de janeiro de 1891 foi um aproveitamento oportuno da situação.
Em plena crise, a The Economist utilizou uma terminologia muito actual na sua edição de 6/2/1892. "Tem sido evidente de há bastante tempo que o país (Portugal) estava a viver acima dos seus meios... "É inevitável uma redução significativa do encargo com a dívida...". "Os detentores da dívida portuguesa têm de consentir num abatimento dos seus direitos, por força das circunstâncias".+


Como é fácil de ver, a imperial Inglaterra tratava a sua semicolónia portuguesa com a dignidade adequada; tal como hoje acontece com a oligarquia bruxelense. Passados tantos anos, as desigualdades entre as várias áreas na Europa mantêm-se; mas, a admissão de uma anulação de parte substancial da dívida não está presente nos meios políticos porque acarretaria um encolhimento da dimensão do sistema financeiro e de alterações profundas no seu funcionamento. Embora essa anulação seja inevitável e justa, mesmo que silenciada - eppur si muove.

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