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quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Três teorias para a morte de Stálin

Cena do filme 'The Death of Stalin', de Armando Iannucci, ainda sem previsão de estreia no Brasil
Cena do filme 'The Death of Stalin', de Armando Iannucci, ainda sem previsão de estreia no Brasil
Free Range Films
O lançamento do filme The Death of Stalin (A Morte de Stálin, em tradução livre) em países europeus provocou intenso debate sobre as abordagens do tema e novamente levantou questões acerca da morte do líder soviético. Ainda envolto em mistério, o assunto é terreno fértil para aqueles que duvidam da versão oficial de mortal natural.
Não são poucas as pessoas que duvidam da versão oficial da morte de Iossef Stálin, em 5 de março de 1953. A ideia de que sua morte se deveu a um acidente vascular cerebral causado por uma doença grave partiu do próprio Kremlin.
Segundo o historiador Guennádi Kostirtchenko, Nikita Khruschov disse a uma jornalista francesa em 1956 que Stálin morreu depois de uma “pressão resoluta” por um grupo de altos funcionários soviéticos que se revoltaram e até ameaçaram o líder soviético.
“Os camaradas de Stálin não estavam satisfeitos com planos para deportar judeus soviéticos para a Sibéria”, disse Khruschov. Isso aconteceu no momento do chamado ‘Complô dos médicos’, cujas vítimas eram principalmente judeus.
Khruschov não foi o único a fazer tais alegações. Como destaca Kostirtchenko, esse argumento foi repetido pelo escritor soviético Iliá Ehrenburg em conversa com o filósofo francês Jean-Paul Sartre. A descrição de Ehrenburg traz muitos detalhes. Ele afirma que, tendo enfrentado forte oposição ao seu plano, Stálin ficou enfurecido.
Capa do jornal francês 'l'Humanite' em 7 de março de 1953, noticiando a morte de Stálin
Mas os presentes não ficaram intimidados e, pelo contrário, ameaçaram chamar o Exército para o Kremlin se Stálin não revogasse sua decisão de exilar os judeus. Um conspirador, judeu, rasgou seu cartão do Partido e jogou-o contra o rosto do líder. Em meio à humilhação, Stálin teria tido um acidente vascular cerebral e morreu.
Com essa carga de dramaticidade, pode-se argumentar que há tanta evidência histórica nesse relato como no filme recém-lançado. Os historiadores concordam que não há provas de nenhum plano para deportar os judeus nos arquivos pessoais de Stálin ou do Partido. Também não está claro se Khruschov citou essa história novamente. Não há referência aos planos de deportação em suas memórias publicadas no Ocidente nos anos 1970, e a história pode ser mera tentativa de embelezar a imagem do sucessor de Stálin. 
O homem com um machado
Acredita-se também que o papel de Nikita Khruschov na morte de Stálin não tenha se limitado ao de um oficial rebelde – ele teria sido o arquiteto principal do plano de assassinato. Certa vez, Khruschov fez declarações públicas que poderiam ser entendidas como um indicativo de que a morte do líder soviético foi premeditada.
Khruschov e Stálin em 1936
Em um evento público em julho de 1963, ao receber uma delegação da Hungria, Khruschov começou a falar sobre Stálin e acrescentou: “Houve muitos ditadores brutais na história humana, mas todos morreram de um machado, assim como também ganharam poder com um machado”. Na posterior transcrição do discurso, publicada nos jornais soviéticos da época, esses trecho acabou sendo omitido.
O historiador Aleksandr Duguin acredita que a pessoa com o machado era o próprio Khruschov. Pouco antes de sua morte, Stálin pretendia demitir o ministro da Segurança de Estado, Semion Ignatiev, e seu patrono, Khruschov. Por isso, Khruschov teria decidido agir primeiro liderando uma conspiração contra Stálin. Os conspiradores não só assassinaram Stálin, mas também mataram Lavrentiy Beria, o poderoso chefe da polícia secreta soviética. No último caso, porém, foi um pouco diferente: Beria foi preso três meses após a morte de Stálin, condenado à morte e executado.
Da dir. à esq.: Nikita Khruschov e Lavrentyi Beria entre outros oficiais no funeral de Stálin
Envenenado por Beria
Lavrentiy Beria também é outra figura amistosa na morte de Stálin. Como a segunda pessoa mais poderosa do país, é plausível que Beria tenha medo de uma potencial purga e que ele poderia ser sido um dos principais alvos. Assim, Beria teria tomado a iniciativa.
De acordo com o livro do historiador Nikolai Dobryukha “Como Stálin foi Morto”, Beria intoxicou Stálin usando venenos raros de serpente ou aranha. Para fundamentar a tese, Dobryukha cita as palavras do ministro dos Negócios Estrangeiros sob Stálin, Viatcheslav Molotov. Ele relatou que, após a morte do líder, Beria disse ter sido o responsável por “salvar todos vocês [oficiais soviéticos] de Stálin”. Mas, ainda que seja verdade, a posterior prisão de Beria escancarou o nível de gratidão dessas autoridades.
Máscara mortuária de Iossef Stálin em exposição no Museu de História Política Russa, em Petersburgo
A morte de Stálin, provavelmente, não deixará de ser motivo de especulação, mas uma coisa é certa – depois de terem recebido a notícia sobre o acidente vascular cerebral de Stálin, as autoridades não se apressaram em chamar médicos. Outro detalhe estranho é que, de acordo com o anúncio oficial, o líder soviético teve um acidente vascular cerebral no Kremlin, quando, na verdade, isso aconteceu em sua datcha.
https://br.rbth.com/historia/79333-tres-teorias-morte-stalin

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Dívida e juros: financismo no comando, por Paulo Kliass


 

O Ministério da Fazenda acaba de divulgar o Relatório Mensal da Dívida Pública Federal, com informações atualizadas até o mês de setembro. O documento é importante para quem pretende acompanhar a evolução dos níveis e do padrão de endividamento do Estado brasileiro.
por Paulo Kliass
No entanto, a compreensão desse tipo de comportamento é ainda mais relevante por nos encontrarmos sob um estado de crise fiscal profunda e com uma orientação bastante ortodoxa do ponto de vista da gestão dos recursos públicos. A narrativa da exigência da austeridade na condução da política fiscal tem levado a administração pública a sucumbir perante um estado de semi destruição. O ímpeto com que os liberaloides levam a cabo sua operação desmonte é bem capaz de promover o desaparecimento do Estado.
A opção pela estratégia do austericídio combinou a manutenção de juros oficiais bastante elevados e a gestão dos recursos orçamentários na base de cortes e mais cortes. Para tentar cativar a opinião favorável do grande público ignorante em economia, os representantes do capital financeiro passaram a martelar sistematicamente nos meios de comunicação uma velha e conhecida cantilena. A estória de que “o governo não pode gastar aquilo que não tem” e outras pérolas de quem pretende explicar a administração da economia de um dos maiores países do mundo como se fossem as finanças domésticas de uma família que vive de salário ou da aposentadoria de seus membros.

Austericídio e “contração expansionista”

A charlatanice envolvida nesse discurso não resiste a qualquer análise e muito menos aos números oficiais divulgados pelos próprios órgãos encarregados das estatísticas públicas. Afinal, apesar de todo o esforço por cumprir à risca a monstruosidade dos cortes de verbas de forma indiscriminada, o fato é que o déficit nas contas do governo federal só fez aumentar. Mas esse paradoxo é apenas aparente. Isso se explica pela estratégia de se ter promovido uma recessão deliberada em nossa economia, com o intuito de “reduzir a demanda agregada e acertar o equilíbrio pelo lado do PIB potencial”. Haja economês prá tamanha insensatez!

De nada adiantaram os reclamos e as críticas de todos aqueles que alertávamos contra essa ideia maluca da “contração expansionista”. Sim, pois havia - e ainda há - economistas e pesquisadores que propunham explicitamente que o caminho do “ajuste” deveria ser o da redução do nível da atividade econômica. E que se orientavam por uma forte crença de que esse contracionismo todo levaria a uma expansão do PIB. Uma tremenda loucura, mas que beira a irresponsabilidade criminosa, principalmente quando se transforma em política pública decidida e implementada pelos altos dirigentes do Ministério da Fazenda e do Banco Central.

Talvez seja necessário relembrar que a recessão não é uma opção neutra e indolor de política econômica. Muito pelo contrário, ela provoca destruição física e social. A queda no PIB significa a falência de empresas e o desemprego. Não bastassem esses fatos para que qualquer pessoa de bom senso a descartasse “a priori” como alternativa para a solução da crise, o fato é que a recessão é um tiro no pé, mesmo do ponto de vista conservador. Sim, pois com a redução da atividade econômica, a capacidade de arrecadação de impostos também se vê bastante diminuída.

A dívida pública cresceu 13%

Assim, a intenção inicial do economista cabeça de planilha se frustra logo de início. E a contração expansionista se apresenta como uma impossibilidade. Tanto mais em um país como o nosso, onde a estrutura de impostos é altamente regressiva e se concentra na taxação da renda, do consumo e da produção. Com a recessão, o Estado arrecada menos. E a questão do equilíbrio fiscal fica ainda mais comprometida. Afinal, menos receitas públicas significam maior déficit, uma vez que há parte das despesas que não podem (e não devem!) ser reduzidas.

Mas o fato é que nem assim, a magiquinha funcionou. O governo aprofundou a ditadura do superávit primário, com o argumento de que as finanças deveriam ser equilibradas. Mas apesar desse esforço, a dívida pública federal cresceu a níveis muito mais elevados que qualquer outro indicador econômico. E esse fato foi ainda agravado em termos da qualidade do serviço público, uma vez que a lógica do corte nas despesas se limita às despesas na área social e nos investimentos. As despesas financeiras com juros pagos pelo governo federal, por exemplo, tinham liberdade total de crescimento. E aí ficamos o pior dos dois mundos: i) compressão dos programas sociais e aumento das despesas financeiras do orçamento; ii) aumento dos valores relativos à dívida pública.

Os dados da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) apontam para um estoque total da dívida pública federal em poder do público de R$ 3,43 trilhões em setembro passado. Esse montante apurado representa um crescimento expressivo em relação ao total que havia de endividamento em outubro de 2016, quando o valor era de R$ 3,03 trilhões. Ou seja, o valor da dívida cresceu R$ 398 bilhões. Isso significa que o valor total dos títulos públicos federais em poder do público aumentou da ordem de 13% ao longo dos últimos 12 meses.

Gasto com juros: R$ 424 bi em 12 meses

Ora essa taxa de crescimento da dívida revela-se ainda mais preocupante em um cenário marcado por 2 anos sucessivos de recessão da economia, com queda de quase 8% do PIB entre 2015 e 2016. A própria inflação também foi bastante diminuída por conta da receita da austeridade e o ritmo de crescimento dos preços encontra-se situado abaixo de 3% anuais. O conjunto das finanças públicas encontram-se sob rígido controle de gastos, ao menos nas despesas ditas “primárias” - saúde, educação, previdência social, saneamento e similares. Ou seja, poucos indicadores cresceram tanto como a dívida pública ao longo dos últimos 12 meses.

Na verdade, tal aumento relativo do peso do endividamento público expressa de forma flagrante o processo de financeirização de nossa economia e de nossa sociedade, uma vez que fica evidenciada a dominância da dimensão financeira sobre todas as demais atividades do setor real - áreas vinculadas à produção de bens e ao fornecimento de serviços essenciais.

Esse aspecto dramático de drenagem de recursos e preocupações do conjunto da sociedade para o sistema financeiro fica ainda mais agravado quando se incorpora à análise as informações relativas ao pagamento de juros e demais serviços da dívida pública. As estatísticas do próprio Banco Central confirmam tal tendência. A versão mais recente da Nota de Política Fiscal da instituição revela que, ao longo dos 12 meses entre setembro de 2016 e agosto de 2017, foram consumidos R$ 424 bilhões de recursos públicos federais para cumprir despesas com esse tipo de rubrica.

Financismo no comando: mais juros e mais dívida

Assim, esse duplo movimento - juros e dívida - escancara a espoliação sistemática a que vem sendo submetida a maioria da população de nosso País. E aqui não me refiro apenas aos trabalhadores e demais segmentos dos desfavorecidos. Na verdade, a maior parte dos setores empresariais não consegue obter nenhum benefício desse tipo de política econômica para a recuperação do seu próprio ramo de atividade. Vivemos sob a égide do financismo no comando de tudo.

O austericídio esmaga a dimensão social e drena o subproduto de tal violência para o setor financeiro. Esse é o verdadeiro sentido do pagamento dos juros em tal volume, numa conjuntura em que todas as outras despesas orçamentárias estão sendo vilipendiadas. Porém, a situação fica ainda mais agravada pelo fato de que nem mesmo todo esse esforço basta. Além do pagamento dos juros, o processo que privilegia apenas e tão somente a dimensão financista termina por promover esse brutal elevação no estoque da dívida pública.

O sentido de tudo isso é o sinal de alerta que vai logo entrar em funcionamento para exigir ainda mais austeridade nos períodos futuros. Aguardemos, pois os colunistas de economia dos grandes meios de comunicação não tardarão a clamar, sempre no clima catastrofista que lhes é peculiar, contra a suposta “explosão da dívida pública em níveis inaceitáveis”.

Sim, pois essa é a verdadeira armadilha a que estamos submetidos. Somos conclamados a contribuir com o nosso sacrifício e o governo nos suga corpo e alma a título de colaboração para sairmos da crise. No entanto, nada é suficiente. O financismo quer mais e mais, pois o topo da pirâmide não aceita ser chamado a oferecer seu quinhão.

Paulo Kliass é doutor em Economia pela Universidade de Paris 10 e Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, carreira do governo federal.
https://jornalggn.com.br/noticia/divida-e-juros-financismo-no-comando-por-paulo-kliass#.We-o1KjttEQ.facebook

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

O QUE QUEREM OS MILITARES? (Por Zé Dirceu)


É hora de dialogar com os militares. Há anos Bolsonaro faz proselitismo nas escolas e entre os oficiais. Vamos lembrar que ele foi eleito pela primeira vez defendendo os salários e as condições de trabalho das Forças Armadas. Depois evoluiu para uma plataforma anticomunista e antipetista, saudoso da ditadura e defensor da tortura, homofóbico, machista e violento. Fez história no parlamento por suas bravatas e ameaças, infelizmente toleradas pela maioria dos deputados.  

Agora, caminhamos para ter novos candidatos e atores políticos oriundos da caserna. Destacam-se Mourão e Heleno, ambos generais como o comandante Villas Bôas, que depois de uma fala no Senado - quando expôs um projeto de desenvolvimento nacional, natural em se tratando das Forças Armadas, dos militares - escorregou ao, na prática, apoiar a fala de Mourão favorável à intervenção militar, nome medroso para golpe e ditadura militar.

O que determina e o que expressa hoje o ativismo político entre militares de alta patente? Que sentido teriam as Forças Armadas brasileiras se não defendessem um projeto de nação, de desenvolvimento, a soberania nacional, o pré-sal, a Amazônia, a Amazônia Azul, a indústria de defesa nacional, nossas fronteiras, nosso papel na América do Sul? Nenhum! Seriam apenas polícias a serviço de facções que detêm ou disputam o poder.

Não devemos esquecer a história: é obrigação de quem se diz de esquerda e/ou nacionalista.

Nossos militares fundaram a República e a retomaram em 1930. Governaram com Getúlio, chefe da revolução, presidente constitucional e ditador no Estado Novo. Depois o derrubaram em 1945, mas não eram um partido único e unificado. Nas décadas de 20 e 30 eram, em sua maioria, apoiadores da Velha República. Os tenentes se levantaram em armas e forjaram uma hegemonia em aliança com os civis, que representam a nova e nascente burguesia industrial e agrária. Para simplificar, é óbvio.

Reflexo da disputa na sociedade e no mundo, dividiram-se entre nacionalistas, estatistas e entreguistas privatistas, entre industrialistas e agraristas - estes sempre ligados aos Estados Unidos e à “vocação” agrária do Brasil. Uma bobagem, como a que ouvimos hoje a respeito da inevitabilidade da adesão do Brasil à hegemonia norte-americana e à austeridade.

Também houve uma segunda divisão entre os germanistas (pró-fascistas) e os americanistas (pró-democracia), de novo para simplificar.

Getúlio, que tinha noção e consciência nacional, negociou a entrada do Brasil na guerra ao lado dos aliados em troca do Brasil de hoje, do binômio aço e energia, pavimentando a fundação da Petrobras, da Eletrobrás e do BNDES. Daí o ódio de nossos liberais de araque - que hoje são banqueiros e financistas e vivem do sangue do povo.

Lênin dizia que o socialismo era aço+energia+soviets. Getúlio sabia que o Brasil só seria uma nação independente se industrializado e soberano, capaz de financiar seu desenvolvimento e dominar suas riquezas, começando pelo seu mercado interno e sua cultura, a educação e a ciência.

Divididas, as Forças Armadas participaram e foram decisivas nas disputas políticas do país entre 1946 e 1964. Suas facções reacionárias e ligadas à direita udenista (pró-américa do norte) tentaram dar golpes em 54, 55, 57 e 61, exigindo maioria absoluta, que não era constitucional, para Getulio tomar posse. Também tentaram impedir a posse de JK. Lott deu um contragolpe e empossou, na prática, JK. Mais adiante, as Forças Armadas tentaram impedir a posse de Jango em 61, que depois renunciou. Por fim, deram o golpe em 64.

Um ponto que merece atenção: após o golpe, expurgaram das Forças Armadas milhares de oficiais e suboficiais democratas, nacionalista, comunistas. Bastava não ser reacionário e de direita para ser expulso. O resto é história e todos nós sabemos como foi a ditadura, seus crimes, a corrupção - como nunca se havia visto e encoberta pela censura e a repressão.

Mas atenção. Há vida inteligente nas Forças Armadas, seja de direita ou não, mas há. Há ainda seu DNA: sem projeto de nação e de soberania, elas perdem sua razão de ser e se transformam em polícia ou guarda pretoriana de presidentes e ditadores civis, como aconteceu em diferentes países.

Não vamos esquecer que o sucessor de Getúlio, em 1946, foi Dutra, que com ele governou durante todo o Estado Novo. E só foi eleito porque tinha o apoio de Getúlio. Mudou totalmente a política econômica entregando-se às diretrizes do império do norte e depois entregou o poder ao mesmo Getúlio - agora eleito democraticamente - nacionalista e carregado pelo povo até o Catete.

Na ditadura de 64 predominou, no início, a famosa “Sorbonne”, a Escola Superior de Guerra e seu ideólogo, Golbery de Couto e Silva, sua geopolítica e projeto de nação. Não é por nada que nossa direita, sempre quando pôde, atacou Geisel e seu II Plano de Desenvolvimento, que consolidou nossa indústria de base, sua política externa e o rompimento do acordo militar com os Estados Unidos, posterior ao Acordo Nuclear com a Alemanha.

É claro que era uma ditadura e nós lutamos contra ela, inclusive de armas nas mãos. Os entreguistas de direita, não. Esses apoiaram e sustentaram o regime ditatorial enquanto ele servia a seus interesses e riqueza. E ainda hoje sustentam qualquer tiranete ou usurpador, desde que continue a sangria dos juros altos e do rentismo. Realidade cada dia mais clara, apesar de censurada pela mídia monopolista.

A questão militar esteve sempre presente. Foi assim de 1889 a 1985. Ficou submersa nos últimos 30 anos nas casernas, nas escolas militares, nos serviços de inteligência das Forças Armadas, na Escola Superior de Guerra renovada, nas ações internas e externas - como a missão no Haiti e a presença dos militares na Amazônia - e na Indústria de Defesa Nacional.

O que nós de esquerda devemos perguntar aos militares é a quem eles querem servir: ao povo e à nação ou à facção financista e rentista que assaltou o poder? Que rasgou a Constituição e o pacto social e que destrói, dia a dia, a soberania nacional, entregando de mão beijada para o capital externo nossas empresas - estatais ou não -, nossas riquezas minerais, nossas terras férteis.

Um arranjo golpista que destrói nossa cultura e estado de bem-estar social e é incapaz de manter a ordem e a segurança pública - até porque sem crescimento, emprego, distribuição de renda e bem-estar social isso é impossível.

Não devemos nos assustar com fala de Mourão e Heleno, com a reação apaziguadora de Villas Bôas e com o silêncio dos covardes. Devemos travar o combate político e de ideias.

Só mesmo ingênuos ou cegos poderiam acreditar que não haveria politização das Forças Armadas no quadro de decomposição do Congresso Nacional - que deu o golpe e colocou no poder a camarilha do Temer – e de uma Suprema Corte incapaz de cumprir a Constituição e de deter o estado policial que setores do MPF e da magistratura, a pretexto de combater a corrupção, impuseram ao país com o beneplácito e a cumplicidade do próprio STF. E com instigação da mídia, a mesma que, como ontem, hoje se joga de corpo e alma no golpe e que, amanhã, atribuirá toda a culpa deste crime histórico aos Moros e Deltans da vida.

Eles - os ricos e os donos do poder, do dinheiro e da informação – são os verdadeiros responsáveis pela tragédia por que passa a nação brasileira.

Outra indagação aos militares, que devemos sempre destacar, difundir e propagar, é se eles cumprirão com o sagrado dever de defender a pátria, a nação e a Constituição ou se serão guiados pelos gritos histéricos de um Bolsonaro. Ou, ainda, se eles aceitarão, mais uma vês, ser engabelados por um novo demagogo da estirpe de João Doria. 

Deixarão seguir a marcha insensata e traidora da venda do patrimônio nacional, do rebaixamento do Brasil a um país alienado aos Estados Unidos, sem futuro e sem esperança, ou retomarão o fio da história em defesa de um projeto de nação, com o povo em primeiro lugar, em defesa de nossas riquezas e, inclusive, do povo armado que deve ser as Forças Armadas?


Ou há disciplina e hierarquia nas Forças Armadas, com elas servindo ao poder civil e à Constituição, ou haverá luta, divisão, facções, com disputa dentro delas e por elas. É o que nossa história nos ensina. Não nos iludamos para não sermos pegos de surpresa e servir aos desígnios dos que usam e abusam dos militares para seus próprios fins e não aos da pátria.


http://www.dimasroque.com.br/2017/10/o-que-querem-os-militares-por-ze-dirceu.html

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Uma Contribuição ao “Xadrez da Maçonaria no Brasil, por Luiz Claudio de Assis Pereira





Este artigo não tem a menor pretensão de encerrar um assunto que é cercado de tantos mistérios e, por isso, tão polêmico. A intensão é que ele possa, sim, contribuir com o debate iniciado pelo Jornal GGN em torno da atuação política da Maçonaria no Brasil.
Ao tentar fazer uma análise imparcial sobre tema de tamanha complexidade há que se considerar a grande dificuldade em se abordar uma instituição que, oficialmente, acaba de completar 300 anos de existência, e que possui inúmeros matizes, caracterizados não só pelos diversos ritos adotados, mas principalmente pelo livre pensar de seus integrantes. Além, é claro, do enorme secretismo que a rodeia. Fato real, concreto; infelizmente, porém, costumeiramente, negado pela mesma, que insiste em se dizer “discreta”, e não “secreta”.
Mas antes de iniciarmos esta jornada, vale dizer que, apesar de muitos de nós não gostarmos do modo de vida que as pessoas levam atualmente, de certo, não fosse a atuação persistente dos maçons no mundo ocidental, a liberdade de pensar e de agir que temos nos dias de hoje, tanto quanto o desenvolvimento das artes e da ciência que conseguimos alcançar, estariam seriamente comprometidos e seriam, certamente, em muito limitados.
No entanto, procuraremos aqui demonstrar que o que os maçons fazem hoje em dia é tão perverso quanto o que a Igreja Católica fazia na Idade Média. Há, porém, uma grande diferença, tanto na forma de atuação, quanto no conteúdo, pois, ao invés da aliança clara e transparente que havia entre as elites medievais (que se impunham pela força), e a Igreja Católica (que desejava manter o “monopólio da fé”), temos agora uma aliança oculta estabelecida entre governantes “democraticamente” eleitos e uma entidade que aceita as mais diferentes crenças religiosas.
E o que é pior: mesmo quando se quebra, como em 1964, ou se pretende quebrar, como agora, a “ordem democrática”, é ela, a Maçonaria, que está sempre à frente, ou, mais apropriadamente, por trás desse processo. (vide Peça 1 do Xadrez).
Detalhe: não foi só o general Mourão que deu palestra no Grande Oriente do Brasil. O próprio comandante do Exército Brasileiro, general Eduardo Villas Bôas, igualmente fardado, esteve lá falando de forma mais amena, mas, ainda assim, dando uma interpretação muito peculiar sobre o artigo 142 da Constituição.
Veja o vídeo da fala do general Villas Bôas e a matéria da Folha de São Paulo no link abaixo:
Essa forma de atuação dissimulada facilita muito as coisas, tanto para a Maçonaria, quanto para os membros dos três poderes (executivo, legislativo e judiciário) a ela associados, pois, resulta numa relação “invisível” para a grande maioria da população; ao mesmo tempo, em que a aliança formada entre eles dispõe de um “olho que tudo vê” espalhado por todo canto.
Nesse contexto, denunciar a relação perniciosa que existe entre a Maçonaria e os poderes constituídos é tarefa das mais difíceis, até porque não se pode, pra isso, contar com a grande mídia, tendo em vista que a mesma é o principal pilar de sustentação de todo o esquema.
A questão central que se apresenta, e que iremos abordar nas próximas partes deste artigo, é: nossas vidas ainda precisam ser conduzidas por uma minoria que julga ser a única herdeira de tudo que foi conquistado ao longo de séculos de esforço e sofrimento de tantas pessoas? Teriam eles recebido algum dom divino para liderar os pobres mortais profanos?
Os avanços do mundo ocidental nos últimos séculos
Quem hoje vê a figura carismática do papa Francisco talvez não consiga nem imaginar que, muito antes do descobrimento da América, houve um tempo em que a cúpula da Igreja Católica perseguia e, não raro, punia severamente as pessoas que não pensassem como ela (ou como ela queria). Tudo com apoio incondicional da realeza da Europa da Idade Média.
Assim foi que, em 1209, por acreditarem na existência de dois deuses, pelo menos 7.000 cátaros, que habitavam o que hoje é o sul da França, foram brutalmente assassinados por tropas de um exército reunido pela Igreja Católica, no que ficou conhecido como o Massacre de Béziers, na única cruzada organizada contra cristãos, a Cruzada Albigense.
Curiosamente, os dois deuses do catarismo foram tirados da própria Bíblia. Os cátaros acreditavam que o Novo Testamento trazia a mensagem de um Deus bom, criador do reino espiritual, enquanto que o Antigo Testamento descrevia um Deus mau, criador do mundo físico. Eles rejeitavam o conceito de inferno, pois, para eles, o equivalente a este seria o próprio mundo em que vivemos. Assim, julgavam que as almas humanas eram almas de anjo sem sexo, aprisionadas dentro do corpo humano e condenadas à reencarnação até que alcançassem a salvação e, por essa razão, pregavam a pobreza, e até mesmo a castidade, e outros valores que ajudariam as pessoas a se distanciarem do mundo material.
Por mais de cem anos após o massacre de 1209, o movimento cátaro continuou sendo perseguido, mas ainda assim resistiu, devido à organização e à milícia armada que possuía.
Por conta da existência de muitos seguidores do catarismo (espalhados pelo que hoje é a França, Itália, Alemanha, Inglaterra e Catalunha), a Igreja Católica decidiu estabelecer os tribunais da Santa Inquisição, quando, então, os castigos impostos aos “hereges” tomaram proporção de extrema crueldade.
Alguns historiadores afirmam que a Inquisição Medieval, criada contra os cátaros, suspeitava da ligação entre estes e os judeus cabalistas (um ramo místico-esotérico do judaísmo), de quem teriam recebido influência. Outros, ainda, consideram que os cátaros tiveram contato direto com os Cavaleiros Templários, sendo uns influenciados pelos outros.
O fato é que durante a Santa Inquisição, tantos os cátaros, quanto os judeus (cabalistas ou não) e, mais adiante, os próprios Templários, foram duramente castigados, tendo muitos deles sido atirados em fogueiras e queimados vivos em praça pública. O mais reverenciado exemplo para os maçons, último grão-mestre da Ordem dos Cavaleiros Templários, Jacques de Molay, se tornou patrono da uma ordem iniciática para jovens do sexo masculino.
Pois bem, essa situação se manteve sem grandes alterações até que, finalmente, em outubro de 1517, ou seja, há exatos 500 anos, Martin Lutero conseguiu romper de vez o paradigma de não poder pensar diferente da Igreja Católica. Mas esta, ainda assim, permaneceu exercendo, até a Revolução Francesa, forte influência sobre a realeza em quase toda a Europa. Assim foi que, em 1542, como resposta ao avanço do protestantismo, a Igreja Católica criou uma versão ampliada da Inquisição Medieval.
É nesse cenário que a Maçonaria, tal como a conhecemos nos dias de hoje, se desenvolveu. Desse modo, não há por que se surpreender com o fato dela ter sido concebida como uma “sociedade secreta baseada nos ensinamentos da cabala judaica e em princípios que orientaram a criação do movimento cátaro, bem como, na experiência adquirida pelos Cavaleiros Templários, não só, mas em especial, quanto à gestão de um sistema bancário”.
O grande mérito da Maçonaria, portanto, foi justamente livrar a sociedade ocidental do cerceamento exercido pela Igreja Católica sobre todas as formas de pensamento e manifestação não só político-religiosa, como também, na ciência, nas artes, na cultura, etc. Não fosse isso, talvez ainda estivéssemos a pensar que a terra é o centro do sistema solar.
No próximo capítulo iremos detalhar como a Maçonaria atua dentro dos partidos políticos em outros países e como o que é feito lá é muito semelhante ao que é feito aqui no Brasil. Falaremos também como a imprensa estrangeira costuma tratar a ingerência da Maçonaria na política nacional e, nesse caso, como o que é feito lá é bem diferente do que é feito aqui.
https://jornalggn.com.br/noticia/uma-contribuicao-ao-%E2%80%9Cxadrez-da-maconaria-no-brasil-por-luiz-claudio-de-assis-pereira

domingo, 8 de outubro de 2017


A suposta falta de apetite do MPF por Moreira Franco: recordar é preciso e o STF que se vire!



POR EUGÊNIO ARAGÃO, ex-ministro da Justiça.
Um dos episódios mais vergonhosos do golpe que redundou na destituição da Presidenta Dilma Rousseff foi o impedimento de Lula assumir o cargo de ministro-chefe da Casa Civil. Foi uma orquestração bem articulada entre a República de Curitiba, o STF e o PGR. Os autores da trama receberão da história seu devido reconhecimento: a latrina dos traidores da Pátria, de onde nunca deveriam ter saído.
Para os golpistas, Lula não poderia assumir a Casa Civil, pois, ali, saberia como ninguém promover o pacto necessário para desfazer o plano engendrado por Michel Temer e Eduardo Cunha. Diz-se que já nessa época havia encontros entre o usurpador e o cabeça coroada do MPF. Certamente não por acaso. Enquanto um queria um ministério público dócil, o outro queria garantir sua sucessão por alguém de seu grupelho na corporação. Os 54 milhões de eleitores de Dilma que se danassem.
Deu-se que, em Curitiba, um cidadão que posa de dublê de juiz permitiu, por debaixo da mesa, que a polícia continuasse a interceptar conversas de Lula, mesmo tendo encerrado formalmente o período de escuta autorizada. Foi, ali, grampeado um telefonema entre a Presidenta e o novo Chefe da Casa Civil in spe. Nesse, a Presidenta dava instruções a Lula sobre a assinatura da ata de posse. A razão delas era prosaica: Dona Marisa estava enferma e Lula não poderia comparecer ao ato na segunda-feira. Far-se-ia como aos costumes: Lula assinaria a ata antes e, na cerimônia, a Presidenta a autografaria, como o fez com Jaques Wagner na mesma ocasião, que também estaria ausente na posse de cargo de secretário do gabinete da presidência.
Mas os voyeurs do diálogo presidencial ouviram o que era conveniente para a trama do golpe: pretendiam que a Presidenta estaria a dar um salvo-conduto a Lula para a hipótese de o dublê de juiz decretar sua prisão.
A hipótese da facilitação criminosa presidencial era tão absurda que, em tempos normais, só mereceria gargalhadas. Dir-se-ia que os toscos brasileiros, depois, ainda achariam que os parvos eram os portugueses, tamanha a imbecilidade da tese acusatória!
Vamos a ela. A conversa já ilicitamente interceptada – desconfia-se, com boa base de realismo, que a escuta havia sido plantada criminosamente no Palácio do Planalto e desrespeitara a ordem de cessação da interceptação – se fazia em momento em que a mídia difusora de ódio disseminava as peripécias curitibanas contra Lula, dando a entender que sua prisão era iminente. Puro devaneio. Nenhum motivo havia para o ato extremo, assim como até hoje não o houve. Prender Lula não passava de um delírio dos que, em manifestações fascistas articuladas com muito dinheiro da economia financista, exibiam doentiamente raivosos seus “pixulecos” infláveis.
Por outro lado, pretender que uma ata de posse sem posse servisse de salvo-conduto só poderia ser ideia de jerico. Havia tantos holofotes sobre tudo que se fazia no Planalto, que tentar escapar da violência do dublê com exibição desse papelete seria uma cena de opera bufa. Os tolinhos que acreditam na conspiração presidencial subestimam quem logrou ser eleito ou fazer ser eleito por quatro vezes o titular e a titular da presidência da República.
Enfim, mesmo com tanto furo, a hipótese levantada pelos meninos que, em Curitiba, brincam de judiciário foi útil para um ministro do STF francamente partidário, cérebro e braço  do golpe de Temer e Cunha, decretar, em cognição cautelar, a proibição de Lula tomar posse. E o PGR corporativo nada fez diante da absurda ousadia. Pelo contrário, usou a gravação criminosa para instaurar inquérito contra Lula e Dilma por obstrução judicial. Teve que ser admoestado pelo então relator da chamada “Operação Lava Jato”, o saudoso Ministro Teori Zavascki, que qualificou a interceptação como ilegal e proibiu seu uso.
A proibição, porém, não valeu para o outro ministro, que dera o provimento cautelar politiqueiro. O tal magistrado havia, pouco antes da ousadia, almoçado, na “Trattoria da Rosario”, com os adversários do PT, José Serra e operador do sistema financeiro Armínio Fraga. Mera coincidência? O fato é que o ministro, depois da inusitada liminar, sentou-se, aos costumes, no processo, barrando a atuação anti-golpe de Lula. Depois de consumada  a traição ao povo, extinguiu o processo sem julgamento de seu mérito. O foguete havia já acertado seu alvo. A carcaça do projétil agora era inútil.
Tempos depois, destituída a Presidenta Dilma Rousseff, o MPF investe contra os novos habitantes do Palácio do Planalto. Por certo, seu cabeça coroada já percebera que não lograria perpetuar seu grupelho na cúpula da instituição. Nessa investida articulada com Curitiba, um dos alvos é o matreiro Moreira Franco, subscritor da peça infantil “Uma ponte para o futuro”, aliado de primeiríssima hora de Temer e Cunha na empreitada de lesa pátria.
Moreira já se aninhara no Planalto na qualidade de “secretário de governo”, sem status de ministro. Mais do que rápido, o usurpador baixa medida provisória a converter a secretaria de governo em ministério. A intenção indisfarçada era impedir que o dublê de juiz pusesse suas mãos em Moreira Franco.
A medida foi contestada no STF por iniciativa de partido que não faz parte da base de apoio do golpe. Mereceu cínico parecer do PGR pela denegação do mandado de segurança. O STF, na linha desse opinativo, proclamou, já agora, que a iniciativa de Temer não obstruíra a justiça, pois o foro por prerrogativa de função devido a ministro de estado não subtrai o investigado da persecução penal.
Ooooohhhhhh!!!! Era o óbvio ululante. Mas não valeu para Lula. Este foi barrado por atuação partidária de um dos ministros do STF.
É mais que compreensível a exigência por muitos na sociedade, de que o STF determine a desconsideração do status de ministro de Moreira Franco. Seria o mínimo de coerência que se espera da mais alta corte do país. E, por isso, tacha-se como excessiva leniência a atitude da nova chefe do MPF de nada fazer a respeito.
Por mais difícil que seja para um não jurista entender, a atitude da nova chefe está correta.
Para os que lutam pela democracia neste país, contra tudo e contra todos, é importante respeitar seu princípio fundamental, o da igualdade de todos no espaço público:  Não se deve exigir para o outro o que se considera ilegítimo e criminoso contra si. A atitude de barrar Lula foi criminosa e mesquinha. O judiciário se meteu onde não foi chamado. Não lhe caberia impedir uma escolha política de um governo eleito. Nomear ministros ou cuidar da estrutura interna da administração pública são tarefas que o executivo desempenha sem intromissão de qualquer outro ator. Trata-se de corolário necessário da separação de poderes. Uma escolha pode até ser politicamente controversa, mas pela controvérsia paga politicamente quem a fez. O judiciário não tem nada a ver com isso, pois, ao desconstituir a escolha de modo indevido, seus juízes não respondem politicamente.
Nem Lula e nem Moreira poderiam ser barrados. Nem por Gilmar e nem por Janot. A consequência legal da escolha é o foro por prerrogativa de função e o STF que trate de fazer com que esse foro não seja identificado como garantia de impunidade. Não pode dar atestado de que sua atuação é mais amorosa que a do dublê de Curitiba.
Nestes tempos tenebrosos é preciso que os democratas ajam com respeito aos princípios por que tanto lutam. É seu diferencial para com os golpistas seletivos, que, a cada passo de sua ação usurpadora, rasgam a Constituição. O STF que durma com esse barulho por não ter barrado – isto sim – a cara de pau, a insolência e o cinismo de um dos seus. Ficará mal na fita. Mas nós, os democratas, não lhe devemos facilitar o resguardo da face. Insistamos na lei e o STF que se vire!

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/suposta-falta-de-apetite-do-mpf-por-moreira-franco-recordar-e-preciso-e-o-stf-que-se-vire-por-eugenio-aragao/

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Pronunciamento emocionante do Des Lédio Rosa de Andrade


Para quem ainda não entendeu. Cometer ilegalidades em nome da legalidade é tão ilegal quanto.
E pior, porque a partir dai não há, não haverá a quem recorrer. Menos ainda quando estão acovardados; e estão acovardados.
No vídeo abaixo, sessão solene fúnebre em homenagem ao Reitor afastado da Universidade Federal de Santa Catarina, Luiz Carlos Cancellier, que se suicidou depois de ser preso e humilhado sem ser sequer ouvido.
Em seu desabafo, definiu o desembargador e professor Lédio Rosa de Andrade:
-(...) a mais perfeita ditadura, que é a ditadura feita em nome da moral, feita em nome da justiça, feita em nome da democracia...
Como é, termina sendo toda e qualquer ditadura, em qualquer lugar.
Alertou o desembargador Lédio:
- (...)os néofascistas (...) os ditadores de espírito nunca morrem, estes estão sempre por aí...estão aqui... esperando a hora de voltar...
Estão por aí, por aqui. Como sabemos. Ou já deveríamos saber.


quarta-feira, 4 de outubro de 2017

"Pobretologia" escondeu a luta de classes




Em entrevista especial à TV Afiada, a historiadora e professora da Universidade Federal Fluminense, Virgínia Fontes, fala sobre as decisões que o PT tomou ou deixou de tomar durante seu governo e também sobre as novas formas de organização do capitalismo. A entrevista foi gravada durante o seminário internacional "1917: o ano que abalou o mundo", organizado pela Editora Boitempo em comemoração ao centenário da Revolução Russa. Saiba mais: www.revolucaorussa.com.br

A burguesia deu um tiro no pé






Na segunda parte de sua entrevista especial à TV Afiada, a historiadora e professora da Universidade Federal Fluminense Virgínia Fontes analisa a internacionalização da burguesia brasileira, fala sobre o Golpe das Quadrilhas contra a Presidenta Dilma e afirma: o Capitalismo brasileiro não sabe para onde ir! A entrevista foi gravada durante o seminário internacional "1917: o ano que abalou o mundo", organizado pela Editora Boitempo em comemoração ao centenário da Revolução Russa. Saiba mais: www.revolucaorussa.com.br




Na terceira parte de sua entrevista especial à TV Afiada, a historiadora e professora da Universidade Federal Fluminense Virgínia Fontes afirma que a estrutura do Estado atual foi moldada na Ditadura Militar, analisa o fantasma do fascismo no Brasil e decreta: nem os protagonistas do Golpe sabem o que estão fazend