MATERNAL MARIA: A SACRALIZAÇÃO DA VIDA
A maternidade é
um tema que desperta o interesse devido às questões que tratam do fenômeno da
nascer e morrer e o mistério acerca da concepção do ser humano e da preservação
da espécie da vida e da morte, ou seja, a lei do eterno retorno ou da causa e
efeito ou a lei da física newtoniana. Pelo exposto é motivo de estudos em áreas
do conhecimento desde a antiguidade, e que, apesar do avanço da medicina com acentuada
ênfase dos meios tecnológicos disponíveis, ainda é visto como algo que denota
mistérios e que transcende ao conhecimento humano.
Vivemos a era da
efemeridade, do imediatismo e do consumismo, fenômenos próprios do mundo
pós-industrializado, globalizado e dotado de recursos tecnológico-digital, que
reverbera no modus vivendis da
população em todos os sentidos. O ser humano encontra-se mergulhado numa
constante, continua e ininterrupta busca pelo hedonismo com crescente
valorização ao materialismo exacerbado em detrimento de valores morais, éticos
e espirituais.
A posse de bens
de consumo/produtos e a volatilidade do
pathos (emoção e sentimentos que fomentam as tanto o amor, a caridade, como
também a discórdia, o ciúme, o orgulho, a ganância dentre outras vicissitudes
inerentes ao ser humano). Como consequência, percebemos o enfraquecimento dos
laços afetivos, a desestruturação familiar, a perda de sentimentos nobres como
o respeito aos direitos humanos e o meio ambiente que resulta na desvalorização
da vida manifestada nas diversas formas de violência que acomete cotidianamente
as populações em partes do globo terrestre, quer seja por motivos banais e
fúteis ou através das guerras políticas, ideológicas, religiosas e culturais,
que afeta também a nossa fauna e a flora e suscita reflexões e preocupações
sobre o futuro da nossa biodiversidade, para alem das enfermidades e epidemias
que ceifam vidas.
Neste contexto,
os objetivos específicos da obra é questionar e concomitantemente, resgatar os
valores humanísticos, religiosos, filosóficos e espirituais determinantes para
a qualidade de vida das pessoas e a conscientização da sociedade, embasadas nas
demandas preservacionistas do meio ambiente de forma ampla.
Recorremos à
simplificação da figura feminina e mantivemos a essência e o objetivo principal
que é a sublimação da maternidade no âmbito da iconografia cristã, especificamente
a analogia as representações da virgem Maria mãe de Jesus Cristo, conforme
assinala Muela (2001, p.179) “El
cristianismo ha professado siempre uma especial devocion a Maria como madre de
Cristo, y em general como
personificación de la Iglesia, madre e protectora de lós fieles”. Muela
nos informa que em num dado momento Maria fora tida como a mãe de Deus. Neste
aspecto, em face de absorvermos a tradição religiosa europeia ocidental, somos
impelidos ao culto e devoção a virgem Maria, mãe de Jesus e também de todos os seres vivos. E para que
a ideia se efetive per si, elaboramos
uma obra inspirada nas formas geométricas de artistas consagrados antes
mencionados, mas que remete a uma mulher com um vasto véu que estar a segurar o
filho. Ela o concebe e o coloca no mundo, pelo que simboliza a dedicação
absoluta, o amor incondicional a vida, à procriação e preservação da espécie
humana, extensiva às demais criaturas presentes na crosta terrestre.
A fragilidade
existencial afeta os seres vivos desde o surgimento dos seres vivos na face da
terra, quer com os conflitos sociais, com as epidemias, com as enfermidades,
com as catástrofes naturais, com a escassez de alimentos dentre outros flagelos
que podem interromper a vida das pessoas. Nesta perspectiva, a crença e o culto
a virgem Maria, que ao ser escolhida por Deus para conceber a Jesus, o messias
salvador, e também concebe e acolhe a todos os seres indistintamente e
intercede junto a Jesus e ao próprio Deus pelos seus protegidos, a fim de
atenuar, perdoar, e curar as enfermidades ou qualquer tipo de aflição em
virtude de ser a personificação da benevolência infinita e da misericórdia
celestial.
Nenhum comentário:
Postar um comentário