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segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

OTAN tira onda de botá pá quebrá (a Síria)

16.12.2015
 
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OTAN tira onda de botá pá quebrá (a Síria)* 

Os Serviços de Segurança, Serviços Secretos e Serviços Especiais da Federação Russa (FSB, SVR GRU), quanto mais descobrem as conexões corretas, mais têm de concluir que Washington decidiu deixar que a Guerra Fria 2.0 escale até entrar em ebulição.

Imagine a inteligência russa examinando o tabuleiro de xadrez geopolítico.
15/12/2015, Pepe Escobar, RT
Um jato de passageiros russo é bombardeado por um afiliado do ISIS/ISIL/Daesh. Um jato de combate russo é emboscado e derrubado pela Turquia; e isso é cenário parcial, mas perfeitamente crível, de como se passaram as coisas.

Bandidos da direita ucraniana sabotam a rede de suprimento de energia da Crimeia. Uma base do exército sírio próxima de Deir Ezzor - importante posto avançado contra o ISIS/ISIL/Daesh no leste da Síria - é atacada pela Coalizão dos Oportunistas Finórios (COF) liderada pelos EUA. O FMI "perdoa" a dívida e 'legaliza' o calote da Ucrânia contra a Rússia, quando o país entra, de fato, na Guerra Fria 2.0.

E essa é listinha resumida.

Há aí uma progressão lógica. O CCGOTAN (Conselho de Cooperação do Golfo plus OTAN) na Síria já não se aguenta de angústia. A entrada da Rússia no teatro de guerra sírio - guerra à distância; não é guerra civil -, lançou no mais absoluto dessarranjo os planos elaborados e absolutamente criminosos para 'mudar o regime' sírio.

Se a COF liderada pelos EUA estivesse realmente interessada em dar combate contra o ISIS/ISIL/Daesh, os Oportunistas Finórios ter-se-iam posto ao lado do Exército Árabe Sírio (EAS) e não se poriam a bombardeá-lo ou tentar detê-lo.

E também teriam tentado ativamente fechar os pontos de passagem chaves na fronteira turco-síria - o corredor Jarablus que permanece, de fato, como uma Rodovia Jihadista operante 24 horas/dia, sete dias/semana.

O jogo da OTAN na Síria chafurda na mais escorregadia ambiguidade. Discussões com diplomatas da União Europeia dissidentes, não necessariarmante vassalos da OTAN, revelam uma contranarrativa de como o Pentágono mapeou a estratégia russa; como interpretaram que as forças russas estariam relativamente isoladas; e como decidiram permitir que Ancara, sob o Sultão Erdogan, enlouquecesse totalmente - ferramenta perfeita, garantindo negabilidade plausível.

O que nos leva de volta ao Su-24 derrubado. Avançando mais um passo, o especialista russo Alexei Leonkov mantém que não apenas a OTAN rastreou toda a operação pelos seus sistemas AWACS, mas que, além disso, outros sistemas AWACS da Arábia Saudita realmente guiaram os jatos F-16s da Turquia.

Os F-16s não têm capacidade para disparar mísseis ar-ar sem orientação de sistemas AWACS. Os dois conjuntos de dados, russos e sírios - que podem ser submetidos a verificação em separado - põem os sistemas AWACS norte-americano e saudita naquela área no momento. E, para completar, o detalhado contrato de venda dos F-16s entre EUA-Turquia estipula que os aviões não podem ser usados sem permissão contra qualquer terceiro país.

Tudo isso sugere possibilidade extremamente perigosa: operação direta de CCGOTAN contra a Rússia; é o que poderá ser mais bem explicado pela caixa preta recuperada do Su-24.

Como se isso não bastasse para fazer subir muitas sobrancelhas, pode ser também o primeiro movimento de um tabuleiro de xadrez que se expande. O alvo final: manter a Rússia bem longe da fronteira turco-síria.

Mas não acontecerá, por várias razões - das quais algumas das mais consideráveis são os ultraletais S-400s. A Força Aérea Turca está com tanto medo, que nem urubus e corujas decolam. Tudo q voa por ali está colado ao chão, não decola por nada no mundo, ao longo de toda a fronteira.

Entrementes, o componente de Inteligência Humana, Humint, vai sendo inflado: mais e mais coturnos ocidentais em solo, alemães incluídos, identificados como meros "conselheiros" - os quais, se mandados para campo de batalha, quase inevitavelmente cruzarão com o Exército Árabe Sírio. Para amolecer a opinião pública, a facção dos neoliberais conservadores alemães que prega bombardeio humanitário já está espalhando a novela de que Assad seria o verdadeiro inimigo, não algum ISISI/SIL/Daesh. Por fim, os alemães já deixaram bem claro que não trabalharão com a Rússia e o Exército Árabe Sírio, e só respondem ao Centcom na Florida e ao quartel-general da COF no Kwait.

O plano máster da OTAN para o norte da Síria nas próximas poucas semanas e meses apresenta, essencialmente, jatos de combate de EUA, Reino Unido e Turquia, com os franceses ainda em cima do muro (estamos colaborando de facto com os russos, ou é só pose?). Será vendido à opinião pública global como esforço da "coalizão" - e quase nem se faz qualquer referência à Rússia.

O plano máster, sob a máscara de que haveria algum bombardeio contra o antro do falso "Califato" em Raqqa, abriria, idealmente, a trilha para criar uma "zona segura" de facto com a qual Erdogan sonha, pelo corredor Jarablus, a qual de fato seria uma zona aérea de exclusão capaz de proteger a gangue completa de "rebeldes moderados", codinome "jihadistas salafistas de linha duríssima tipo al-Nusra".

Paralelamente, se preparem todos para uma enchente de 'notícias' e análises sobre a necessidade de "proteger" a minoria turcomena no norte da Síria, na verdade a Quinta Coluna da Turquia, pesadamente infiltrada por islamo-fascistas do tipo "Lobos Cinzentos". Já começou com Ancara acusando Moscou de fazer "limpeza étnica". Erdogan não mede palavras e já recorreu até à R2P ("responsabilidade de proteger" com libertação pela OTAN, ao estilo da Líbia.)

E é aqui que a OTAN está em total sincronia com Ancara; afinal, uma "zona segura" protegida pela OTAN e pululante de "rebeldes moderados" é ferramenta perfeita para turbinar o ataque contra o estado sírio.

Não é legal, mas nem ligo

Claro que a intervenção da OTAN na Síria é absoluta e perfeitamente ilegal.

A Resolução n. 2.249 do Conselho de Segurança da ONU não respeita o Capítulo 7 da Carta da ONU. Mas mais uma vez a linguagem 'criativa' - artifício retórico à francesa - disfarça a evidência de que nada justifica o uso de força militar e dá a impressão de que o CS-ONU teria aprovado o que não passa de invasão.

E foi precisamente nessa direção (errada) que David das Arábias Cameron interpretou-a. Dissimular e enganar são itens integrados ao processo, com Londres já jurando que trabalhará ombro a ombro com Moscou.

A Resolução n. 2.249 é só mais uma, das leis da ordem internacional que fica aí reduzida a escombros. Porque esses - esporádicos - ataques aéreos de franceses e britânicos, mascarados sob o pretexto de que atacariam ISIS/ISIL/Daesh, jamais foram autorizados por Damasco, e o Conselho de Segurança da ONU não foi sequer consultado. A Rússia, sim, mas só ela, recebeu e atendeu à solicitação de ajuda, feita pelo governo de Damasco.

Além do mais, a Coalizão dos Finórios Oportunistas, COF não é coalizão de 60, 65 países como o governo Obama mente freneticamente que seria: não passam, na verdade, de uma camarilha de sete: Alemanha, França, Reino Unido, EUA, Turquia, Qatar e Arábia Saudita. Para encurtar a conversa, é um CCGOTAN aparado rente ao osso.

Quem realmente combate contra o falso "Califato" em solo são o Exército Árabe Sírio; o Hezbollah; os xiitas iraquianos com instrutores iranianos; e, por fora da aliança "4+1" (Rússia, Síria, Irã, Iraque plusHezbollah), também uma coalizão das Unidades de Proteção do Povo Curdo (YPG) e pequenas milícias árabes e cristãs, agora unidas sob uma mesma bandeira política, o Conselho Sírio Democrático, que Ancara, previsivelmente, abomina.

As provocações de Ancara não pararão - incluindo meios "criativos" para impedir a passagem de barcos russos do "Expresso Síria" pelo Bósforo e Dardanelos, sem violar abertamente a Convenção de Montreux.

Implica dizer que o "novo" plano máster da OTAN, vira e rola, ainda rasteja rumo ao objetivo principal: "libertar" o norte da Síria, ao estilo Líbia, e deixar que a região seja tomada por "rebeldes moderados" ou, no pior cenário, por sírios curdos os quais, em teoria, seriam facilmente manipuláveis.

ISIS/ISIL/Daesh nesse caso não seriam "contidos" (idioma do governo Obama) no leste da Síria, mas, sim, expulsos para o deserto no oeste do Iraque, onde dariam origem a um Sunistão. Erdogan quer alucinadamente um Sunistão, mas sua versão é ainda mais ambiciosa, incluindo Mosul.

Tudo isso acontece enquanto uma horda de rebeldes "moderados" sírios reuniram-se em - e onde poderia ser? - Riad, a Central Jihadista wahhabista/salafista, para escolher uma delegação de 42 pessoas para que essas "selecionassem os negociadores" das futuras conversações de paz sírias.

Mais uma vez resolveram que "Assad must go" já durante o processo de transição. E que "forças estrangeiras" devem sair da Síria. Claro que pode permanecer o tsunami de mercenários pagos e armados por Riyadh e por Doha e por Ancara.

Qualquer pessoa de mente funcional perguntaria como é possível que a Casa de Saud leve avante tal absurdo e safe-se: escolher quem é "moderado" numa nação em cuja desestabilização os próprios sauditas estão pesadamente investidos. É simples: porque Riad é proprietária de uma legião de lobbyistas norte-americanos e recompensa nababescamente alguns 'gurus' de Relações Públicas, como Edelman, proprietário da maior agência privada de Relações Públicas em todo o planeta.

E não por acaso, o Conselho Sírio Democrático não foi convidado para ir a Riad.

Os dados estão lançados. Invente Acara o que quiser - sob a cobertura da OTAN - para impedir que os "4+1" ganhem terreno na Síria, o que virá já está escrito no muro (da morte). Pode vir embalado em mísseis cruzadores disparados pela Frota do Cáspio ou disparados de submarinos. E seguirá à risca o que o presidente Putin disse, pessoalmente, ao colegiado do Ministério da Defesa da Rússia:
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"Todas as ações da aviação de ataque estão sendo realizadas sob cobertura de caças. Ordeno que todos ajam com extremo rigor. Qualquer alvos que ameace a esquadrilha russa ou a nossa infraestrutura de solo será imediatamente destruído."


* A expressão de inspiração, aí, parece ter sido "Papa's got a brand new bag"; é título de álbum de James Brown, lançado em 1965 e de uma faixa desse álbum; tem tudo a ver com ter 'uma bossa' (nova) para cantar, dançar. A tradução acima é tentativa. Todos os comentários e correções são bem-vindos [NTs].

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