Este blog é um espaço interativo que aborda temas relacionados a existência humana como as Artes Visuais, demais linguagens artísticas em geral, também sobre História, Politica, Filosofia, Sociologia. This blog is an interactive space that addresses topics related to human existence such as Visual Arts, other artistic languages ​​in general, also about History, Politics, Philosophy, Sociology.

sexta-feira, 1 de julho de 2016


SEX, 01/07/2016 - 06:45
ATUALIZADO EM 01/07/2016 - 09:04
Como era de se esperar, há uma corrida do grupo de Temer para dar o maior número possível de tacadas antes de serem apeados do poder.
"Tacadas" é o termo utilizado pelo jovem cunhado de Rui Barbosa para definir as jogadas feitas com o erário público e o mercado.
A jogada consiste em aprovar um limite de déficit orçamentário muito além do necessário para ser administrado pelos Ministros.
A estratégia está posta na mesa:
1.     Amplia-se o déficit este ano, disponibilizam-se recursos para os Ministros financiarem as eleições municipais para contentar a base de Temer.
2.     Mantem-se a Selic no espaço, apesar da economia entrar no segundo ano de recessão profunda, para contentar o mercado.
3.     Com as duas frentes pacificadas, montam-se as “tacadas”.
Há as tacadas grosseiras, de uso do orçamento para manobras políticas. E as tacadas sofisticadas, que passam léguas além do conhecimento da Justiça.
Há quatro tipos dessas "tacadas":
Tacada 1 - a venda de ativos.
Tacada 2 - as legislativas, que precisam passar pela Câmara e Senado.
Tacada 3 - as regulatórias, que dependem da caneta do Executivo, mas que, por vezes, precisa o aval do Congresso.
Tacada 4 – as arbitragens entre juros e câmbio.
Vamos a alguns exemplos de tacadas tradicionais que deverão ser repetidas no interinato e que fazem parte do enorme espólio de ações deletérias contra o orçamento e o país.

Tacada 1 – as tacadas com juros e ativos

A tacada com juros é simples. O preço dos ativos varia de acordo com a taxa de retorno (ou rentabilidade esperada). E essa taxa de retorno se baseia no nível da taxa Selic, fixada arbitrariamente pelo Banco Central.
A lógica é mais ou menos essa:
1.     Quero um rendimento de R$ 1.000,00 por ano por dez anos.
2.     A taxa de juros é de 10% ao ano.
3.     Quanto preciso investir para ter esse rendimento? R$ 6.145.
Se a taxa de juros subir para 15% ao ano, com mais juros será necessário investir menos para se ter o mesmo rendimento. No exemplo, o investimento cai para R$ 5.019,00.
Essa lógica vale para os preços dos ativos. Quanto maior a taxa de juros, menor o preço do ativo. E a taxa de juros referencial é a Selic.

Exemplo 1 – o preço de empresas

Suponha uma empresa que tenha um resultado anual de R$ 10.000.000,00.
Com a Selic a 8% ao ano, seu valor de mercado será de R$ 67.100.813,99.
Basta a Selic saltar para 14,5% para o valor da mesma empresa, com o mesmo resultado anual, cair para R$ 51.159.076.00 – uma queda de 25%.
Quem ganha – o comprador capitalizado.
Quem perde – o dono da empresa que precisou vender seu negócio.

Exemplo 2 – o preço dos imóveis.

Pela Tabela Price (simplificando a conta), uma prestação de R$ 5 mil mensais, por 240 meses, a uma taxa de juros de 8% ao ano permitiria tomar um financiamento de até R$ 610.388,65. Se a taxa do financiamento subir para 11,5% ao ano, o valor financiado máximo cairá para R$ 486.492,12.
Essa queda no valor do financiamento se refletirá na queda no valor dos imóveis. Mediante a mera elevação dos juros de financiamento de 8% para 11,5% ao ano, houve um impacto de 20% no valor dos imóveis.
Quem ganha – o investidor que compra à vista.
Quem perde – o dono do imóvel.

Exemplo 3 – o preço de uma estatal privatizada

O padrão adotado no período Collor-Itamar-FHC consistia em dois estratagemas combinados para diminuir o preço de referência.
1.     Consideravam a empresa como se apresentava, em geral com problemas de gestão e de capitalização, e não seu valor potencial, operando após os ajustes.
Suponha uma empresa cujo resultado fosse de R$ 1 milhão/ano. Com uma TIR de 8% ao ano, o valor da empresa seria de R$ 6,7 milhões. Mas suponha que com investimentos de R$ 300 mil mais mudança de gestão os resultados pudessem aumentar em 20%. Nesse caso, o valor da empresa saltaria para R$ 7,8 milhões, ou 16% a mais/
2.     Aumentavam a TIR para reduzir o valor.
Não se ficava nisso. Na hora de calcular o preço, utilizavam TIRs elevadas. Se a TIR considerada fosse de 14% ao ano, o preço de referência cairia para R$ 5,2 milhões.
Com esses dois estratagemas combinados, derruba-se em até 49% o valor da companhia.
Quem ganha – os compradores e os intermediários
Quem perde – a viúva e, eventualmente, o consumidor.

Exemplo 4 – as concessões

Aqui há três tacadas mais usuais.
A primeira consiste na manipulação da TIR (a Taxa Interna de Retorno).
A segunda, na subestimação do faturamento futuro.
A terceira, na superestimativa dos investimentos e gastos em manutenção. Esta é a mais facilmente identificada.
Por exemplo, com dois anos de recessão, houve uma queda óbvia no movimento das estradas. No caso de uma concessão rodoviária, basta tomar por base o movimento atual, projetá-lo pelos próximos 25 anos.
Confira no quadro um pequeno exemplo de como manipular concessões.
Imagine uma rodovia na qual o concessionário se propõe a investir R$ 100 milhões. A uma TIR de 8%, supondo que por ano trafeguem 1 milhão de veículos, o valor do pedágio deveria ser de R$ 9,37 para garantir a TIR.
Mas suponha que, além do aumento da TIR, o ínclito Moreira Franco, Secretário Especial de Concessões e outras Matérias, permita uma previsão de 800 mil veículos/ano. E que a TIR seja ampliada para 14% ao ano. Esses dois movimentos, combinados, farão o preço do pedágio saltar para R$ 18,19.
Mas confiemos na imaginação criadora desse pessoal. Suponha que o movimento ereal das estradas fique de fato em 1 milhão de carros/por ano. Com o pedágio a R$ 18,19, o faturamento anual será de R$ 18,2 milhões e a TIR saltará para 17% ao ano.

Peça 2 – as tacadas com câmbio

O novo presidente do Banco Central Ilan Goldfjan nem precisou esquentar a cadeira para promover o jogo de juros e câmbio.
Com o PIB caindo mais de 3 pontos pelo segundo ano consecutivo, fez questão de montar uma política monetária visando a manutenção da atual taxa Selic. Não há nenhuma lógica macroeconômica na medida, mas todas as razões de ordem financeira. Trata-se da tacada mais velha que o BC aplica desde o plano Real.
O efeito imediato foi a derrubada da taxa de câmbio.
O mero fato do dólar cair de R$ 3,60 para R$ 3,20 possibilita um ganho de 12,5% para quem trouxe a R$ 3,60 e retirou a R$ 3,20.
A conta é simples
Momento 1 – trouxe US$ 1 milhão a R$ 3,60 = R$ 3,6 milhões
Momento 2 – converteu R$ 3,6 milhões com o dólar a R$ 3,20 = US$ 1,125 milhão.
Mas não se fica nisso. Todo investidor que sabia antecipadamente a estratégia monetária de Ilan, apostou em negócio ainda mais lucrativo.
Imagine que o sujeito traga US$ 10 milhões com o dólar a R$ 3,60. Ficou com R$ 36 milhões. Ai ele deixa o dinheiro aplicado por um ano na taxa Selic de 14,5%. No final do período, estará com R$ 41,2 milhões. Se o dólar estiver em R$ 3,20 ele converte o saldo em dólares e retirará do país US$ 12, 9 milhões, um lucro de 29% ao ano em dólares.
Se der sorte e o dólar estiver em R$ 3,00, o lucro será de 37% ao ano. Simples, limpo e merecendo todos os elogios da República do Paraná já que, segundo os grandes pensadores locais, é a abertura da economia que permite espantar a corrupção do país.
A conta será jogada nas costas da dívida pública, já que o BC recorrerá aos títulos do Tesouro para absorver os reais adquiridos com os dólares que entram.
Quem ganha – os investidores com dólares.
Quem perde – o Tesouro e o orçamento público.

Peça 3 – as tacadas com a repatriação de recursos

A lei de repatriação de recursos definiu uma alíquota de 15% sobre o total de recursos repatriados, mais 15% a título de multa. No total, 30%.
Só que fixou como base de cálculo, o dólar do último dia de 2014, no valor de R$ 2,66. Com o dólar a R$ 3,60, que trouxe recursos acabou pagando uma alíquota de apenas 22%.
Confira a conta.
O cidadão traz US$ 10 milhões. Com o dólar a R$ 3,60, converteu em R$ 72 milhões. A alíquota de 30% significaria uma tributação de R$ 21,6 milhões.
Mas, de acordo com a lei, a Receita irá tributar apenas R$ 53,1 milhões – porque os US$ 10 milhões foram convertidos pelo dólar a R$ 2,66. Assim, a tributação caiu para R$ 15,9 milhões, ou 22% de alíquota.
Disponivel in: http://jornalggn.com.br/noticia/o-xadrez-das-tacadas-financeiras#.V3XaYUr5tfY.facebook

Nenhum comentário:

Postar um comentário